terça-feira, 26 de abril de 2011

IMPRENSA REAGE AO ATAQUE DO ´PITBULL´ DO SENADO: Sindicato dos Jornalistas pede providência sobre caso Requião

Representante da classe, Lincon Macário, protocolou representação na secretaria-geral da Casa por quebra de decoro parlamentar e pede punições ao senador por reação contra repórter

Rosa Costa, da Agência Estado

BRASÍLIA - O Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal (DF) pediu providências ao Senado contra o ato do senador Roberto Requião (PMDB-PR) de arrancar o gravador das mãos do repórter da Rádio Bandeirantes porque não gostou da pergunta sobre a aposentadoria de R$ 24 mil que recebe como ex-governador.

O presidente do sindicato, Lincon Macário, protocolou uma representação na secretaria-geral da Casa, pedindo a adoção de medidas previstas no Regimento, pela quebra de decoro parlamentar. São elas: advertência ou censura, oral ou escrita, suspensão e perda do mandato.

Macário diz acreditar que a representação será encaminhada ao Conselho de Ética, apesar do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), ter a prerrogativa de advertir ou censurar o parlamentar. O jornalista disse temer que a demora na adoção de medidas - já que o conselho de ética está desativado e só hoje é que serão oficializados seus novos integrantes - "esfrie" a repercussão do caso, mesmo ficando evidente o descaso total do parlamentar para com a liberdade de imprensa.

"Acreditamos que o senador ainda não se deu conta da dimensão de seu ato, é um péssimo exemplo que ele passa para a sociedade e para as milhares de pessoas que o têm como referência e que votaram nele", afirmou. Para Macário, a melhor solução seria um pedido de desculpas de Requião, não só ao jornalista, mas ao conjunto da categoria e ao conjunto da sociedade, "pois é a sociedade que vai estar prejudicada a partir do momento que as autoridades se acharem no direito de cassar os gravadores”.

Meu comentário:

Roberto Requião, com certeza, é um dos tantos trogloditas que habitam o Congresso Nacional. Só gosta da imprensa quando está serve aos seus próprios interesses. Os jornalistas amigos são aqueles que massageiam seu ego. Quem ousar dizer ou escrever alguma coisa contra, já entra na linha de tiro.

Esse espasmo de arrogância e descontrole emocional já foi registrado em outros momentos da trajetória desse troglodita da política. Para segmentos do jornalismo paranaense, Requião é tido como persona non grata.

Em 2006, durante uma entrevista coletiva, o então governador Requião, acusou jornalistas que faziam a cobertura governamental de colocá-lo em rota de colisão com proprietário de veículos de comunicação.

Confira a nota divulgada, á época, pelo Sindicato dos Jornalistas do Paraná:

Jornalistas repudiam atitude de governador Requião

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná vem a público repudiar de forma veemente a atitude desrespeitosa, truculenta e deselegante do governador Roberto Requião. Nesta segunda-feira, dia 30 de outubro, durante a sua primeira entrevista como governador reeleito, Requião ironicamente acusou e ofendeu profissionais da imprensa, como se estes fossem os proprietários dos veículos que representam.

Enfaticamente, colocou os jornalistas, que cobrem as atividades governamentais, em situação altamente constrangedora. Confundiu a atuação dos repórteres, como se fossem eles os responsáveis pelos desentendimentos do governo com os proprietários das empresas de comunicação. O governador, como jornalista, o que sempre afirma ser, esquece-se que o papel da imprensa é reportar à sociedade os fatos, tais quais se apresentam. Esquece-se também que todo cidadão que se sentir lesado, dispõe de meios legais para sua defesa. Entretanto, quando um homem público desrespeita uma classe, expondo os profissionais de forma vexatória num ato público, como ocorreu nesta segunda-feira no Palácio Iguaçu, coloca-se acima das instituições democráticas.

Esse tipo de atitude também extrapola o respeito ao ser humano. Até porque o governador, no exercício de sua função, levou para a sala de entrevista uma platéia de apoiadores, que a cada pergunta intimidava os jornalistas com vaias, aplausos e manifestações inoportunas.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná, além de repudiar as atitudes desairosas, sente-se no dever de recomendar aos profissionais, em virtude do ocorrido, que doravante tratem o governador, como servidor público que é - eleito e pago pelo povo -, exigindo dele a responsabilidade condizente com o cargo que exerce e, no mínimo, uma postura de respeito aos trabalhadores.

Curitiba, 30 de outubro de 2006.

A FENAJ solidariza-se com os jornalistas ofendidos e junta-se ao Sindicato no repúdio à atitude desrespeitosa do governador Requião. A Diretoria da Federação lembra, inclusive, que o Governador é reincidente nesse tipo de postura e em ameaças aos jornalistas. A FENAJ apela ao Governador reeleito para que abra uma agenda de debates com os Sindicatos do Paraná e Londrina visando a superação de conflitos entre o governo e os profissionais da imprensa.

Brasília, 31 de outubro de 2006.

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