ANDREZA MATAIS, ANDRÉIA SADI, CATIA SEABRA
DE BRASÍLIA/FOLHA
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi,
disse nesta quinta-feira (17) que se sente injustiçado e negou ter mentido ao
dizer que não havia usado um avião providenciado pelo empresário Adair Meira
para viajar ao Maranhão. Meira é dono de uma rede de ONGs beneficiada por
convênios de mais de R$ 10 milhões com a pasta.
"Eu disse que não tinha andado em
avião pessoal, é diferente você andar em um taxiaéreo", afirmou ele em
audiência no Senado.
O ministro do Trabalho presta esclarecimentos
no Senado
Lupi disse que não "registrou"
o nome do empresário Adair Meira quando o conheceu.
"A memória às vezes falha, eu sou
humano", disse. "Quantos ministros, deputados, senadores podem ter
usado carro, avião em atividades rotineiras de quem não conhece? Meu erro foi
não checar com a apuração que devia. Isso foi o que aconteceu."
Segundo reportagem da revista
"Veja", o ministro teria visitado o Maranhão em dezembro de 2009 a
bordo de um avião providenciado por Meira.
No sábado, nota do Ministério do
Trabalho negou que Lupi tivesse voado em um avião de modelo King Air --o que
foi desmentido nesta semana após divulgação de fotos por um site do Maranhão.
Na semana passada, em audiência na
Câmara, Lupi negou ter relações com Meira. "Não sei onde ele mora, nunca
andei em aeronave pessoal dele."
O senador Demóstenes Torres (DEM-GO)
pediu ao ministro uma cópia das notas taquigráficas que ele apresentou durante
a sessão.
CRISE
A crise começou após reportagem da
revista "Veja" no dia 9 de novembro informar o envolvimento de
servidores e ex-servidores do ministério em um esquema de cobrança de propinas
que revertia recursos para o caixa do PDT.
Após a reportagem, Lupi afastou um dos
envolvidos e afirmou que só deixaria o governo "abatido por bala". A
presidente não gostou das declarações e ele se retratou logo depois.
No dia 12, uma nova publicação da
"Veja" denunciou o uso de avião contratado por um dono de uma rede de
ONGs beneficiária de convênios de mais de R$ 10 milhões com o Ministério do
Trabalho.
Segundo interlocutores do Planalto, a
presidente Dilma estaria esperando que o ministro do Trabalho desse explicações
"consistentes" sobre as circunstâncias de sua viagem ao Maranhão em
dezembro de 2009.
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