FOLHA DE SÃO PAULO
O líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Duarte
Nogueira (SP), defendeu neste domingo a demissão do ministro Carlos Lupi
(Trabalho).
Segundo reportagem da revista "Veja",
integrantes do ministério cobrariam propina para liberar repasses para
organizações organizações não governamentais.
De acordo com a publicação, funcionários e
ex-funcionários de órgãos de controle da pasta exigiriam comissão de 5% a 15%
do valor dos convênios para resolver "pendências" nos contratos.
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Os 'amigos' Weverton Rocha e Carlos Lupi unidos no esquema de corrupção no Ministério do Trabalho, segundo reportagem da Revista Veja |
"Uma das atribuições do ministro Lupi é gerir o
dinheiro que é recolhido do trabalhador para promover o emprego. Pelas
sucessivas denúncias que estão sendo feitas, parte desses recursos ou está
sendo desviada ou está abastecendo os cofres partidários", disse o
deputado.
O líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), também
se manifestou sobre as acusações. Amanhã, ele vai pedir a Procuradoria Geral da
República a abertura de inquérito para investigar as suspeitas.
"Virou prática na Esplanada dos Ministérios a
montagem de balcões de propina para cobrar 'pedágio' das empresas que assinam
contratos com o governo. É uma corrupção desenfreada que, quando o dinheiro
público não vai direto para o bolso de ministros e assessores, acaba parando no
caixa dois de partidos", disse o deputado.
Ele também vai pedir para que a Câmara convoque os
envolvidos.
Ontem, depois de publicada a reportagem, Lupi
determinou a abertura de uma investigação interna e afastou o coordenador-geral
de qualificação da pasta, Anderson Alexandre dos Santos.
Santos e o deputado federal Weverton Rocha (PDT-MA),
que até outubro era assessor especial de Lupi, são apontados pela revista como
integrantes do esquema de extorsão. Os dois ainda não foram localizados.
O esquema também envolveria Marcelo Panella, ex-chefe
de gabinete do ministro. Ele teria deixado a pasta após deputados do PDT,
partido de Lupi, terem denunciado à chefia de gabinete da presidente Dilma
Rousseff o suposto esquema na pasta.
À revista Panella negou a acusação e disse que saiu
porque não teria se adaptado a Brasília.
Lupi disse que "não vê fundamento" nas
acusações. "Denúncia em que o denunciante não aparece é algo que nos deixa
na dúvida de saber qual o interesse da denúncia. Quem denuncia tem que
apresenta provas", disse.
Ele afirmou que o ministério fez um pente fino
completo dos convênios com entidades sem fins lucrativos.
"Eu repito sempre que sou como cana de canavial:
nem facão nem a queimada arranca minha raiz. Vou até o fim", afirmou,
completando: "Tem muita gente graúda incomodada com a minha presença no
ministério, mas pode dizer que eles vão ter que me engolir."
Uma das ONGs que aparecem na reportagem é o Instituto
Êpa, do Rio Grande do Norte. Os dirigentes da ONG foram levados a Lupi pelo
ministro Garibaldi Aves (Previdência), do mesmo Estado da entidade. Garibaldi
confirma o encontro.
"O Lupi chamou a assessoria dele e disse que não
poderia atendê-los porque havia problemas na prestação de contas", afirmou
Garibaldi. A Folha não conseguiu contato com o instituto.
De acordo com a revista, o esquema funcionaria da
seguinte forma: o ministério firma contratos com ONGs para a realização de
cursos sobre capacitação profissional e, depois, cria pendências que só seriam
sanadas mediante repasse de comissão.
A reportagem afirma que, ao procurar a pasta, os
representes das ONGs seriam informados pelos integrantes do esquema que só
voltariam a receber o dinheiro se pagarem o "pedágio".
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