Abraço emocionado marca encontro entre Marina Silva e Renata Campos

Ex-senadora foi à casa de Eduardo Campos consolar viúva

POR JUNIA GAMA

O Globo

RECIFE - Um abraço emocionado marcou o encontro entre a ex-senadora Marina Silva e a viúva de Eduardo Campos, Renata, neste sábado à noite, em Recife. Foi um abraço comovido, que durou alguns minutos, enquanto as duas conversavam ainda abraçadas. Marina, que vai substituir Campos como candidata a presidente da República, chegou à casa da família Campos por volta das 19h30, acompanhada de políticos e assessores. As duas deverão ir juntas à base aérea de Recife, nesta noite, receber os restos mortais de Campos e dos assessores que estavam no jatinho que caiu em Santos, na última quarta-feira.

Marina e Renata conversaram cerca de 15 minutos. Em seguida, Marina foi cumprimentar os filhos de Campos, enquanto a dona da casa recebia abraços e condolências dos acompanhantes de Marina. Entre eles, a ex-senadora e hoje vereadora Heloisa Helena (PSOL) e Neca Setúbal, uma das coordenadoras do programa de governo da aliança PSB-Rede.

Durante todo o sábado na casa da família Campos, falou-se na possiblidade de Renata vir a ser a vice na chapa encabeçada por Marina. Diversos políticos e amigos comentavam que Dona Renata tem surpreendido pela força que demonstra após a morte do marido. Outra característica destacada foi o comprometimento dela em manter aceso o legado do marido.

Segundo pessoas próximas a Marina, a ex-senadora e Renata não chegaram a falar nada sobre uma eventual candidatura dela a vice. Marina estava visivelmente com um semblante mais sereno do que na última quarta-feira, quando exibiu um rosto abatido horas após a morte de Campos. Pessoas próximas de Marina comentaram que ela teria recebido uma injeção de ânimo ao conversar com Renata por telefone, no dia do acidente.

Renata convocou para segunda-feira, às 10h, em Recife, uma reunião com políticos da aliança regional do PSB e demais partidos em Pernambuco. A convocação da reunião foi interpretada por muitos como sendo a demonstração de que ela terá um protagonismo político mais evidente durante a campanha.

Durante a tarde, Renata permaneceu boa parte do tempo no segundo andar da casa, amamentando o filho Miguel, de 6 meses. Na sala, crianças distraíam-se jogando videogame.

Políticos do PSB já admitem que talvez a pessoa mais adequada para ser a vice na chapa seja Dona Renata.

— Ela preenche com folga todos esses requisitos. É a que de maneira mais completa tem esse perfil — disse o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), que é candidato a governador do Distrito Federal e também teve o nome lembrado para ocupar a vaga.

O PSB pernambucano faz torcida para que se concretize a possibilidade de Renata ser a candidata a vice. A avaliação é que essa seria a maneira mais forte de manter a aliança fiel ao projeto de Eduardo Campos. Há integrantes da cúpula do PSB que preferem um político mais "tradicional". Mesmo esses integrantes, porém, já admitem que, se Dona Renata demonstrar disposição para assumir a vaga, não haverá como resistir a isso.

Na sexta-feira, em São Paulo, lideranças do PSB estabeleceram quatro critérios sobre o nome que deverá compor a chapa com Marina: que seja um político orgânico do PSB; uma pessoa que tenha participado desde o início da construção da aliança da candidatura; que tivesse a confiança de Eduardo Campos; e que se dê bem com Marina. O nome mais contado era o do deputado Beto Albuquerque (RS). O de Rollemberg também foi lembrado, mas descartado, devido à perspectiva de que o senador tenha bom desempenho na eleição para governador do DF.