sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Sem vistoriá-lo, como a Polícia Federal poderia saber se o avião do senador transportava dinheiro ilegal?

Ricardo Noblat

O avião de campanha do senador Edison Lobão Filho (PMDB), candidato ao governo do Maranhão, foi vistoriado na madrugada da última quinta-feira por um grupo de agentes da Polícia Federal em Imperatriz, interior do Estado. O senador não estava dentro. Esperou o fim da vistoria em um hangar do aeroporto.

Os agentes não encontraram o que procuravam com base em uma denúncia anônima – dinheiro ilegal para pagamento de despesas da campanha.

Lobão Filho se disse desrespeitado. Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado e colecionador de processos na Justiça, soltou uma nota dizendo que Lobão Filho fora desrespeitado. Michel Temer (PMDB-SP), vice-presidente da República, saiu em socorro do senador.

A presidente da República acionou o Ministro da Justiça para que apure o que aconteceu. E o ministro pediu informações à Polícia Federal.

Quantas ações do gênero, comandadas pela Polícia Federal, não deram em nada pelo país a fora? E quantas outras não foram um sucesso?

O que há de espantoso no caso? Sem vistoriar o avião do senador, como a Polícia Federal poderia concluir se a informação procedia ou não? Apenas acreditando na palavra dele? Tem dó!

O avião de Lobão Filho deveria ter sido deixado em paz simplesmente por que seu dono é senador? E da base de apoio ao governo?

Ora, Dilma não atribui a quantidade de escândalos que abala o governo à liberdade que a Polícia Federal tem para investigar denúncias?

A Polícia Federal é um órgão do Estado – não do governo. Ela atua com independência. Foi como procedeu a delegacia regional da Polícia Federal em Imperatriz.

De resto, por seus antecedentes, Lobão Filho merece a atenção especial da polícia. Por exemplo: costuma fazer o que não deve para escapar à qualquer derrota.

Na semana passada, um detento da Penitenciária de Pedrinha, em São Luís, disse que o principal adversário de Lobão, Flávio Dino (PC do B), também candidato ao governo, se envolvera quando era jovem em um assalto a um carro pagador.

Mentiu. E o próprio detento, depois, confessou que mentiu.

Disse o que disse, segundo ele, em troca da redução de sua pena e de muito dinheiro. O depoimento do detento foi gravado no gabinete de um dos diretores da penitenciária. A história do detento cedeu lugar no noticiário à ação malsucedida da Polícia Federal em Imperatriz.

Lobão Filho agradece.

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