LIGIA MESQUITA
SIDNEY GONÇALVES DO CARMO
FOLHA DE SÃO PAULO
A candidata derrotada à Presidência, Marina Silva (PSB), declarou neste domingo (12) seu voto e apoio à candidatura do tucano Aécio Neves. Marina teve mais de 22 milhões de votos no primeiro turno.
"Chegou o momento de apostar na alternância de poder, com a batuta da sociedade. Tendo em vista os compromissos assumidos por Aécio Neves, declaro meu voto e meu apoio à sua candidatura. Votarei em Aécio e o apoiarei", declarou Marina, após ler uma carta explicando seus motivos e elogiando pontos de avanço no programa do PSDB.
A decisão ocorre após o tucano se comprometer neste sábado (11) a cumprir, mesmo que de forma vaga, quase todas as exigências feitas por Marina em troca de seu apoio.
Marina Silva assumiu a cabeça da chapa do PSB à Presidência após a morte de Eduardo Campos no acidente aéreo em 13 de agosto. Fora do segundo turno, Marina condicionou o apoio a Aécio a um alinhamento programático entre suas propostas e as do tucano.
"Faço esta declaração como cidadã brasileira independente que continuará livre e coerentemente, suas lutas e batalhas no caminho que escolheu. Não estou com isso fazendo nenhum acordo ou aliança para governar. O que me move é minha consciência e assumo a responsabilidade pelas minhas escolhas", afirmou Marina.
Marina discursou ao lado de seu colega de chapa, Beto Albuquerque (PSB), de aliados da Rede Sustentabilidade, partido que tentou criar em 2013, do marido, Fabio Lima, e da filha Shalom. "A minha posição neste momento tem o lastro daqueles que me empoderaram para liderar a campanha política no primeiro turno, respaldada neste lastro, após conversas com muitas pessoas, refletir sobre o momento importante que nosso país está vivendo, venho aqui manifestar minha posição como alguém que sabe da responsabilidade de quem teve mais de 21 milhões de votos", disse a ex-senadora.
Parte das demandas de Marina já estava no programa de governo do tucano, mas ele elaborou uma "carta compromisso" contemplando formalmente algumas das reivindicações da pessebista. "Quero, de início, deixar claro que entendo esse documento como uma carta compromisso com os brasileiros, com a nação. Rejeito qualquer interpretação de que seja dirigida a mim, em busca de apoio", disse Marina na abertura de seu discurso ao lado do vice na sua chapa, Beto Albuquerque (PSB-RS).
"Os compromissos explicitados e assinados por Aécio tem como única destinatária a nação e a ela deve ser dada satisfação sobre seu cumprimento. E é apenas nessa condição que os avaliei para orientar minha posição neste segundo turno das eleições presidenciais." A ex-senadora disse que não sabe ainda como participará da campanha do tucano, que os dois irão conversar.
A Rede Sustentabilidade, grupo político da ex-senadora, decidiu em reunião na quinta-feira (9) liberar seus eleitores a votar branco, nulo ou no tucano. Na ocasião, o partido divulgou nota em que afirma que nem Aécio nem Dilma Rousseff (PT) representam soluções satisfatórias para o desejo de mudança da sociedade.
O PSB e o PPS já anunciaram a adesão ao tucano.
COMPROMISSO DE AÉCIO
Ladeado pelos principais nomes do PSB em Pernambuco e de Albuquerque, o presidenciável garantiu que dará prioridade à demarcação de terras indígenas e ampliará a reforma agrária.
Ele voltou a defender o fim da reeleição, mas não deixou claro se abriria mão de disputá-la em 2018. Também disse que manterá e ampliará os programas sociais existentes. Em São Paulo, o coordenador da campanha de Marina, Walter Feldman, disse que a ex-senadora considerou a carta um avanço. Com isso, espera-se que ela endosse a candidatura do tucano.
Integrantes do grupo de Marina pediram ainda que Aécio desistisse de defender a redução da maioridade penal para crimes hediondos, uma das principais bandeiras da campanha do tucano no primeiro turno.
Nesse ponto, ele não cedeu. Questionado sobre o assunto, Aécio afirmou que o fim da revisão da pena para menores nunca foi colocado pelo grupo de Marina como pré-requisito ao apoio à sua candidatura no segundo turno.
Coordenador-geral da campanha de Marina à Presidência, Walter Feldman disse neste sábado (11) que a ex-senadora considerou um avanço a carta de compromissos que Aécio Neves (PSDB) divulgou neste sábado (11), em relação conteúdo de programa do tucano no primeiro turno.
APOIO DA FAMÍLIA CAMPOS
O presidenciável Aécio Neves (PSDB) também recebeu neste sábado o apoio formal da viúva do ex-governador Eduardo Campos (PSB). Em carta lida por João, seu filho mais velho, Renata Campos disse acreditar "na capacidade de diálogo e gestão" do candidato e desejou "sorte" na corrida ao Planalto.
"Somos nordestinos, pernambucanos e queremos, juntos, construir a nação brasileira. Siga em frente, Aécio. Boa sorte e que Deus nos proteja", escreveu Renata, que recebeu o tucano em sua casa para um almoço.
Em comício em Sirinhaém, zona da mata de Pernambuco, Aécio disse que os "sonhos de Eduardo" agora são os seus sonhos. "O que estamos fazendo aqui não é uma aliança eleitoral. É um pacto por todo uma vida, pela defesa da administração pública brasileira", disse Aécio ao lado de Renata.
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