Gilberto Lima
Um dos expoentes da velha política, da corrupção e
do que de pior existe na ‘democracia’, o oligarca José Sarney (PMDB), em fase
de decadência, esbraveja e resolve culpar o juiz Sérgio Moro pela crise política,
institucional e econômica do país. Para ele, o juiz Sérgio Moro, pai da Lava
Jato, ‘sequestrou’ o país. A declaração teria sido dada durante uma reunião
comandada pelo ex-presidente Lula, em Brasília, no fim de junho, conforme
revela e registra a Veja desta semana.
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Sarney se revolta contra a operação Lava Jato |
A realidade, no entanto, mostra-nos que o país foi
sequestrado, há muito tempo, pela ‘máfia’ política que comanda o Congresso
Nacional, órgãos e instituições. São os ‘donos do poder’ que decidem os rumos
das coisas em qualquer governo, seja de esquerda ou de direita. Ninguém governa
sem fazer acordos – muitos deles escusos e imorais – com as velhas raposas
adeptas do fisiologismo, da troca de favores e do toma lá dá cá.
Em troca de apoio no Congresso, o governo termina
cedendo às pressões e fatia o governo. Ministérios são tomados de assalto por
verdadeiras quadrilhas que montam seus ninhos de corrupção, e passam a desviar
dinheiro público, principalmente, através do superfaturamento de obras e
serviços. Uma prática corrupta antiga que tem sido revelada pelas investigações
da operação Lava Jato. O presidente que tentar barrar essa sangria dos cofres
públicos, contrariando interesses das ‘máfias’, não consegue governar.
Essa espécie de ‘operação mãos limpas’ à brasileira,
comandada pelo juiz Moro, causa descontentamento àqueles que constituíram
grandes fortunas por meio de assaltos aos cofres públicos. O oligarca Sarney é
dos representantes dessa política do fisiologismo, da troca de favores. Sempre
usou o poder em benefício próprio, de familiares e amigos mais próximos. Perder
privilégios e força política para barrar investigações deve causar desespero e
revolta.
Essa revolta pode ser justificada pelo envolvimento
da filha, Roseana, e do fiel escudeiro Edison Lobão, no esquema do propinoduto
da Petrobras investigado pela Lava Jato, como revelado por um ex-diretor da
estatal, Paulo Roberto Costa. Além disso, Roseana, juntamente com o ex-chefe da
Casa Civil, João Abreu, teriam recebido R$ 3 milhões de propina para liberação
de pagamento de precatórios à Constran.
Por tudo isso, quando diz que é necessário recorrer
ao STF, Sarney trabalha para desqualificar as investigações da Lava Jato e todo
o trabalho de desmonte de um dos maiores esquemas de corrupção envolvendo
políticos. Tudo para salvar a pele da filha e de aliados. Trabalha, portanto,
para a continuidade da impunidade e da prática da corrupção no país.
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