Para PGR, Cunha movimentou mais dinheiro do que declarou
Valores declarados são inferiores aos movimentados pelo deputado
POR JAILTON DE CARVALHO E CAROLINA BRÍGIDO
O GLOBO

Os valores declarados também são bem inferiores aos valores movimentados pelo presidente da Câmara. Em 2008, quando abriu contas secretas na Suíça, Cunha tinha o valor estimado nessas contas de US$ 16 milhões. Pelas informações do Ministério Público da Suíça, o deputado recebeu mais de R$ 22 milhões em contas no banco Julius Baer. As contas não foram declaradas à Justiça Eleitoral e à Receita Federal.
"Em relação à titularidade das contas objeto da transferência de processo por parte da Suíça, o procurador-geral em exercício explica que não há a menor dúvida de sua vinculação com Eduardo Cunha e Cláudia Cruz. Para ele, os elementos neste sentido são abundantes e evidentes. "Há cópias de passaportes - inclusive diplomáticos - do casal, endereço residencial, números de telefones do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto", diz nota divulgada pela Procuradoria-Geral da República nesta sexta-feira.
Na decisão em que autorizou a abertura de novo inquérito contra Eduardo Cunha, o ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), recomendou que o Ministério Público e a Policia Federal trabalhem em harmonia. Em episódios recentes, as duas instituições divergiram sobre a estratégia de condução das investigações da Lava-Jato. O despacho do ministro foi escrito ontem, mas só foi divulgado nesta sexta-feira.
“Registra-se ser do mais elevado interesse público e da boa prestação da justiça que a atuação conjunta do Ministério Público e das autoridades policiais se desenvolva de forma harmoniosa, sob métodos, rotinas de trabalho e práticas investigativas adequadas, a serem por eles mesmos definidos, observados os padrões legais, e que visem, acima de qualquer outro objetivo, à busca da verdade a respeito dos fatos investigados, pelo modo mais eficiente e seguro e em tempo mais breve possível”, escreveu o ministro.
MULHER E FILHA NA MIRA
Além de Cunha, também serão investigadas no mesmo inquérito a mulher dele, Cláudia Cordeiro Cruz, e a filha Danielle Dytz da Cunha Doctorovitch. Na decisão em que autoriza o início das investigações, Zavascki explicou que, quando o Ministério Público Federal pede a abertura de um inquérito, cabe ao STF cumprir a determinação, a não ser que haja algum tipo de irregularidade no pedido. Como isso não foi verificado, o ministro instaurou o inquérito.
Ao fim do despacho, Zavascki determinou que os autos voltassem ao Ministério Público, para que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, especificasse quais providências serão necessárias no momento. O procurador-geral poderá pedir a tomada de depoimentos ou, ainda, a quebra de dados sigilosos dos investigados. Na decisão, o ministro não deu detalhes sobre os indícios que existem contra os suspeitos.
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