terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Citação à Refinaria Premium é encontrada em mensagem de celular de delator da Lava Jato

A Procuradoria-Geral da República ainda analisa as conversas para saber se há indícios de crimes para decidir se vai pedir novas investigações ao STF ou se usará o material para reforçar os trabalhos que já estão em curso no tribunal.
No bojo da Operação Lava Jato, a Polícia Federal encontrou no aparelho celular do ex-presidente da empreiteira OAS Léo Pinheiro, condenado pelo juiz Sérgio Moro a 16 anos de prisão, mensagens trocadas com 15 políticos investigado pelo Supremo Tribunal Federal, entre os quais o senador Edison Lobão (PMDB-MA), que joga um foco de luz sobre a finada Refinaria Premium que seria construída no município de Bacabeira.

A Procuradoria-Geral da República ainda analisa as conversas para saber se há indícios de crimes para decidir se vai pedir novas investigações ao STF ou se usará o material para reforçar os trabalhos que já estão em curso no tribunal.

As mensagens mostram negociações para encontros, lobby sobre temas em debate no Congresso, pedidos de doação ao empresário –alguns mascarados por nomes de ruas ou favores–, além de informações sobre presentes distribuídos para os políticos.

No material sobre o senador Edison Lobão, ex-ministro de Minas e Energia, há referência a uma mensagem de Léo Pinheiro sobre decisão da ex-presidente da Petrobras Graça Foster de começar a licitar a refinaria Premium II.

Outra mensagem destacada pela PF mostra que uma pessoa identificada como Lena diz que Julio Camargo, que se tornou delator da Lava Jato, o convidou para uma reunião com o “pessoal do Maranhão” para discutir a refinaria.

“Julio Camargo me ligou agora nos convidando (vc, Sergio e eu) para uma reunião no dia 8/8 as 10hs no escritório dele em SP com o pessoal do Maranhão (Fialho-seu amigo, Silas Rondeau e outros). Assunto: Refinaria. Não falei com Sergio. Bjs.”

O ex-ministro Lobão, no entanto, nega que tenha participado de esquema de corrupção.

Celular de Lobão foi apreendido na Operação Catilinária

Durante a Operação Catilinária, deflagrada em dezembro de 2015, a PF foi até a residência de Lobão, mas os polícias não encontraram nada no local devido ele está se mudando, o que dificultou na apreensão do material. No entanto, os agentes levaram o aparelho celular de Lobão que no momento da ação estava na casa do filho Luciano Lobão.

Luciano é dono de uma construtora, bem relacionado com grandes empresários e políticos a nível nacional pelo cargo que o pai exerce.


Na oportunidade, o advogado de Lobão, Antônio Carlos de Almeida Castro (Kakay), condenou a ação e classificou como constrangimento. “Achamos a medida desnecessária, dado o constrangimento, mas é um direito do Ministério Público, que foi autorizado pelo Supremo [Tribunal Federal]”, afirmou o advogado.

Pagamento de propina para a campanha de Roseana em 2010

Antes de ser cancelada, a Premium I passou por apenas uma obra: a terraplanagem da área, que custou 583 milhões de reais. Mas até uma atividade tão corriqueira no setor de infraestrutura foi, tudo indica, alvo de contravenção. O Tribunal de Contas da União apontou superfaturamento no contrato com empresas de tratores, além da falta de estudos de viabilidade técnica. O balanço da Petrobras de 2014 relata baixa contábil de 2 bilhões de reais com a refinaria.

O serviço de terraplanagem também abriu um leque de possibilidades para os envolvidos na Operação Lava Jato. O Ministério Público Federal (MPF) detectou indícios de pagamento de propina a políticos para direcionar os contratos da Premium ao consórcio formado pelas empreiteiras Galvão Engenharia, Serveng e Fidens. A Premium I também aparece nos depoimentos de delação premiada do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e do doleiro Alberto Youssef. Eles relataram à PF que as construtoras pagaram propina de 1% sobre o valor do contrato para construção da refinaria aos deputados do PP, Luiz Fernando (MG) e José Otávio (RS).

Além das citações referentes às obras de terraplanagem, o ex-diretor afirma que tratou de propina para a campanha de Roseana Sarney ao governo do Maranhão em 2010 durante reuniões cujo tema central era a refinaria. O dinheiro - cerca de 2 milhões de reais - teria sido pedido pelo ex-ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Curiosamente, Alberto Youssef foi preso em São Luis, no Maranhão, tratando de negócios suspeitos.

Com informações do Blog do Jorge Vieira

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