As irregularidades na concessão de empréstimos pelo Bradesco poderiam ter movimentado cerca de R$ 30 milhões e envolviam pelo menos 14 vereadores da Câmara Municipal de São Luís.
Cópia de um cheque da Câmara, assinado pelo então presidente Pereirinha, que estava em poder de um ‘empresário’ de São Luís |
Uma fonte da Secretaria de Estado da
Segurança Pública informou ao blog que as investigações do esquema de agiotagem
envolvendo o Bradesco e a Câmara Municipal de São Luís devem ser retomadas nos
próximos dias.
As investigações foram iniciadas no
governo passado, mas o caso estagnou. Pelas informações, ainda chegaram a pedir
a quebra de sigilo bancário dos envolvidos. Dois inquéritos sobre esse
escândalo envolvendo o Poder Legislativo Municipal estão na 7ª Vara Criminal,
que é comandada pelo juiz Fernando Luiz Mendes Cruz.
Em um dos inquéritos, figura a ex-gerente do Bradesco
Raimunda Célia Moraes da Silva Abreu, que chegou a ter prisão decretada pelo
juiz Fernando Cruz. No outro inquérito, a investigação recai sobre a própria
Câmara, o Bradesco e alguns vereadores.
Os trabalhos de investigação ficarão a
cargo da Superitendência de Combate à Corrupção (Seccor), comandada pelo
delegado Roberto Fortes. Uma reunião nos próximos dias deve definir os
primeiros passos para a retomada das investigações.
A retomada das investigações faz parte
do trabalho de apuração de todos os casos de agiotagem no
Estado do Maranhão, que envolvem, ainda, dezenas de prefeitos.
Um
esquema que rendeu aproximadamente R$ 30 milhões aos envolvidos
Em dezembro de 2013, o delegado
responsável pelo inquérito, Augusto Barros, estimava que as irregularidades na
concessão de empréstimos poderiam ter movimentado cerca de R$ 30 milhões e
envolviam pelo menos 14 vereadores da Câmara Municipal de São Luís. Segundo
ele, o número de políticos envolvidos, porém, poderia subir e abranger até
deputados estaduais.
O esquema estaria na ativa há anos.
Segundo as investigações, funcionaria da seguinte forma: vereadores pediam
empréstimos consignados a uma funcionária do Bradesco, banco que tem a conta
oficial da Câmara Municipal. Para tanto, apresentavam nomes de funcionários do
Legislativo. O dinheiro seria repassado para esses laranjas, mas eles não
precisavam pagar. Os próprios vereadores se encarregavam de fazer os repasses
para quitar os empréstimos. No entanto, como a taxa de juros cobrada nos
consignados é muito baixa, cerca de 2%, os vereadores aproveitavam o dinheiro
barato para emprestar para terceiros, cobrando taxas muito maiores, de
aproximadamente 7%. A diferença era o lucro do grupo.
Entre os suspeitos de integrar a
quadrilha estão Isaías Pereirinha (PSL), agora ex-presidente da Câmara, que
decidiu se afastar depois de cinco anos de mandato, e o atual presidente, Astro
de Ogum (PMN), vice à época do escândalo.
À época, o juiz titular da 7ª Vara
Criminal de São Luís, Fernando Luiz Mendes Cruz, decretou a prisão da
ex-gerente do Bradesco Raimunda Célia Moraes da Silva Abreu. Raimunda seria a
principal operadora do esquema, segundo a Polícia Civil. A ex-gerente é
considerada peça-chave para esclarecer a participação de cada um dos
investigados.
O delegado Augusto Barros chegou a dizer
ao jornal O Globo que o esquema tinha potencial bombástico e que havia indício
que apontavam para a participação de 14 vereadores, mas que a investigação se
estendia a todos os 31 parlamentares da Câmara Municipal. O delegado chegou a
pedir a quebra de sigilo bancário de 13 pessoas.
O delegado acrescentara que foi a partir
da investigação da morte do jornalista Décio Sá que a polícia chegou a essa
quadrilha que atua na Câmara de São Luís.
À época, o Bradesco esclareceu que estava
acompanhando o assunto e não deveria se pronunciar enquanto as denúncias não
tiverem sido esclarecidas pelos órgãos competentes, por envolver questões que
envolvem sigilo bancário.
Um
cheque assinado por Pereirinha
Em fevereiro de 2014, o blog teve acesso
à cópia do cheque nº 000364-6/Bradesco, da conta-corrente da Câmara Municipal
de São Luís, no valor de R$ 1.163.500,00, que estava em poder de um
‘empresário’ de São Luís. O documento pode ser a principal prova de uso
indevido de recursos da Câmara em esquema de ‘agiotagem’, investigado pela
polícia maranhense.
O cheque estava assinado pelo presidente
da Câmara, vereador Antônio Isaías Pereira Filho, e pelo diretor financeiro,
José Almir Valente Costa. Esse cheque teria sido repassado ao empresário pela
então gerente do Bradesco Raimunda Célia, intermediária da negociação entre ele
e o comando da Câmara.
A transação ocorreu poucos meses antes
de estourar o escândalo dos empréstimos, que resultou na demissão da gerente do
Bradesco, Raimunda Célia de Abreu.
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