sábado, 27 de fevereiro de 2016

Investigado no esquema de corrupção da Norte-Sul, o advogado Heli Dourado disse, em 2012, que 'bandido tem que ter dinheiro, pois se não continua preso'

Heli Dourado
O tempo é o senhor da razão. Pune, absolve e consome a todos nós. Os algozes de ontem, podem estar nos bancos dos réus hoje ou amanhã. De defensores da ética e da moralidade, a réus, por falta de ética ou por acusação de envolvimento em corrupção. Eis o drama vivido pelo advogado Heli Dourado, um dos algozes no processo de cassação de Jackson Lago. O advogado dos interesses da oligarquia, hoje é investigado pela Polícia Federal no esquema de corrupção da Ferrovia Norte-Sul.

Quando do julgamento do processo de cassação de Lago, o advogado Heli Dourado afirmara, do alto de sua autoridade moral, que a eleição do Maranhão de 2006 ‘tratava-se da maior fraude eleitoral da história do Brasil”. O que dizer da situação vivida hoje pelo advogado, no caso Norte-Sul? Certamente que se trata de um dos maiores escândalos de corrupção do país. Aqui se faz, aqui se paga.

O advogado investigado, por ter muito dinheiro, talvez não venha a ser condenado por suposto envolvimento nesse escândalo de corrupção da Norte-Sul. Afinal, ele costuma afirmar que só fica na cadeia quem não tem dinheiro. É o que deixa claro em uma reportagem sobre a prisão do bicheiro Carlinhos Cachoeira, em 2012. Naquela ocasião, ele disse que esse era mais um caso de crime organizado que assumiu grande parte das instituições públicas.

Ele ressaltou o poder do contraventor no Estado de Goiás, inclusive com ingerência na polícia. “Para se virar coronel no estado do Goiás você tinha que pagar R$ 100 mil e o Carlos Cachoeira comprou varias promoções, principalmente nos lugares onde ele operava, para facilitar as operações”, declarou o advogado.

Naquele momento, dizia, ainda, que o contraventor não ficaria muito tempo na cadeia, pois tinha dinheiro para pagar bons advogados. “Todo contraventor, bandido e marginal tem que ter dinheiro, pois se não continua preso”, disse.

Declarações que confirmam a máxima: ‘quem tem dinheiro e poder não fica na cadeia’. Talvez, por isso, os corruptos que ele sempre defendeu não estão na cadeia. E ele mesmo, com muito dinheiro, deve acreditar que ficará impune no esquema de desvios milionários da Norte-Sul.

Confira a íntegra da reportagem com as declarações do advogado Heli Dourado.

Advogado critica Cachoeira: ‘bandido tem que ter dinheiro'

Por Patrícia Costa - de Brasília
18/04/2012

Assim que foi desvendado o esquema Carlos Cachoeira, todos os dias novos fatos vão sendo revelados com o decorrer das investigações, e claro, nos corredores políticos de Brasília, figuras que estão no cenário se manifestam sobre o escândalo, que ganhou espaço nas páginas principais dos veículos de informação.

Sobre Carlos Cachoeira, o advogado Heli Lopes Dourado, que defende causa da coligação de Roseana Sarney, disse que o bicheiro é mais um caso de crime organizado que assumiu grande parte das instituições públicas. Ele ainda, afirma que o bicheiro foi responsável por várias promoções de policiais no Estado de Goiás.

“O que nós temos é um governador envolvido até a medula, nós temos um senador envolvido, 12 deputados estaduais, quatro deputados federais, 20 por cento do Ministério Público, aproximadamente 50 por cento dos coronéis da Polícia Militar e grande parte da Polícia Civil. Para se virar coronel no estado do Goiás você tinha que pagar R$ 100 mil e o Carlos Cachoeira comprou varias promoções, principalmente nos lugares onde ele operava, para facilitar as operações”, declara o advogado.

Em Brasília, na noite desta terça-feira (17/04) foi realizado o pedido da criação da CPI com assinatura de 67 senadores e de 330 deputados federais. A defesa de Carlos Cachoeira está sendo feita pelo ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos.

Famoso por atuar nesta esfera da advocacia, Heli Dourado acredita que Cachoeira não ficará preso por muito tempo e não vê muitas conseqüências de punição severa para o bicheiro.

“Carlos Cachoeira contratou Márcio Thomaz para ir atrás de pedido de clemência. E o Dr. Márcio Thomaz é um grande criminalista, é um advogado de nome sério. A questão Carlos Cachoeira é mais política do que jurídica. Ele ficará mais 90 dias na cadeia, mas vai sair bonzinho e eu não vejo muitas conseqüências na seara do direito penal para punir com severidade”, comenta.

Tendo muito conhecimento na esfera política do estado de Goiás, e também por ser ex-parlamentar e exercer advocacia na área eleitoral, Heli Dourado acrescentou que Carlos Cachoeira gastou R$ 30 milhões na eleição de Marconi e é um homem de 200 milhões de dólares. “Todo contraventor, bandido e marginal tem que ter dinheiro, pois se não continua preso” finaliza o ex-parlamentar e advogado Heli Dourado.

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