
Sempre procurou salvar a própria pele e defender interesses de seu grupo. Foi assim com os militares. Chegou ao poder
no Maranhão vencendo o vitorinismo, com o apoio dos militares. No poder, montou sua arma de guerra: um império de comunicação. Foi um dos fiéis
escudeiros do regime ditatorial. Igualava-se aos generais. Quando o regime
vivia seus estertores, pegou o barco da redemocratização e tornou-se candidato
a vice-presidente para depois, com a morte de Tancredo Neves, assumir o comando
do país. Mais tarde, para não se aposentar, virou senador pelo Amapá e continuou
com influência nos governos seguintes. Sempre que tinha interesse contrariado,
trabalhava sorrateiramente para desestabilizar governos.
A esperteza camaleônica de Sarney é sintetizada
pelo jornalista Leandro Fontes, no artigo ‘Sarney, o homem incomum’: “José
Sarney é uma vergonha para o Brasil desde sempre. Desde antes da Nova
República, quando era um político subordinado à ditadura militar e um
representante mais do que típico da elite brasileira eleita pelos generais para
arruinar o projeto de nação – rico e popular – que se anunciava nos anos 1960.
Conservador, patrimonialista e cheio dessa falsa erudição tão típica aos
escritores de quinta, José Sarney foi o
último pesadelo coletivo a nós impingido pela ditadura, a mesma que ele,
Sarney, vergonhosamente abandonou e
renegou quando dela não podia mais se locupletar. Talvez essa
peculiaridade, a de adesista
profissional, seja o que de mais temerário e repulsivo o senador José
Sarney carregue na trouxa política que carrega Brasil afora, desde que um mau
destino o colocou na Presidência da República, em março de 1985, após a morte
de Tancredo Neves”.
Nos governo petistas – oito anos
de Lula e quatro de Dilma – Sarney reinou, indicando aliados e amigos para
ministérios e controlando todos os cargos federais no Maranhão e no Amapá. No
período em que seu grupo ficou fora do poder no Maranhão, aproveitou sua força
junto aos governos do PT para boicotar os gestores que não rezavam em sua
cartilha. Usou esse poder para inviabilizar o governo Jackson até a consumação
do golpe judicial que depôs o pedetista do Palácio dos Leões. Conseguiu,
portanto, tudo o que quis ao longo dos últimos treze anos.
Talvez Dilma e Lula estejam arrependidos
da aliança com o inconfiável Sarney e seu PMDB. Não foi por falta de aviso. O
alerta foi feito pelo próprio jornalista Leandro Fontes, quando Lula disse que
Sarney era um homem incomum: “No futuro, Lula não será julgado pela História
somente por essa declaração infeliz e injusta, mas por ter se submetido tão
confortavelmente às chantagens políticas de José Sarney, a ponto de achá-lo
intocável e especial. Em nome da governabilidade, esse conceito em forma de
gosma fisiológica e imoral da qual se alimenta a escória da política
brasileira, Lula, como seus antecessores, achou a justificativa prática para se
aliar a gente como os Sarney, os Magalhães e os Jucá. Pelo apoio de José
Sarney, o presidente entregou à própria sorte as mais de seis milhões de almas
do Maranhão, às quais, desde que assumiu a Presidência, em janeiro de 2003, só
foi visitar esse ano (2009), quando das enchentes de outono, mesmo assim,
depois que Jackson Lago foi apeado do poder”, escreveu o jornalista.
No time dos golpistas, Sarney, o ‘escritor’
do ‘listão da Odebrecht’, seguirá escrevendo sua saga de traições!
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