Fechamento do Hospital Municipal e de
Postos de Saúde em Coroará geram sobrecarga em unidades estaduais de saúde.
Em novembro de 2014, o ex-secretário de
Estado da Saúde Ricardo Murad foi conduzido coercitivamente por agentes da
Polícia Federal para prestar depoimento dentro da Operação Sermão aos Peixes,
cujo título foi inspirado no famoso sermão contra a corrupção proferido pelo
Padre Antônio Vieira em São Luís no ano de 1654.
Murad e uma quadrilha que a PF diz ter
sido liderada pelo ex-secretário foram flagrados pela Polícia Federal em um
esquema de desvio de pelo menos R$ 114 milhões dos R$ 2 bilhões repassados ao
Governo Roseana Sarney pelo Fundo Nacional de Saúde (FNS) entre 2010 e 2014.
Mesmo que tenha a Polícia Federal em seu
calcanhar por conta dos supostos desvios feitos na saúde durante o governo
Roseana, há fortes indícios de que Murad continua a gerir recursos públicos do
setor de saúde, desta vez em Coroatá, município administrado pela esposa do
ex-secretário, Teresa Murad.
Logo no primeiro ano de mandato, a
prefeita Teresa Murad fechou o Hospital Geral Municipal (HGM). Com o
fechamento, a prefeitura deixou de atender os serviços de urgência, emergência
e de alta complexidade.
Além do fechamento do HGM, Teresa Murad
determinou o fechamento parcial de todos os postos de saúde da cidade. Os que
funcionavam o dia todo, agora abrem apenas até o meio dia e, ainda assim, de
forma precária, como atestam os moradores da cidade.
Mesmo com o hospital fechado e os postos
de atendimento funcionando durante metade do período, Coroatá continuou
recebendo integralmente os repasses do Mistério da Saúde, que somam R$ 65
milhões de reais (entre 2013 e março de 2016).
O HGM de Coroatá fechou as portas em
primeiro de janeiro de 2013, ano em que o município recebeu mais de R$ 20
milhões de reais do FNS. Pouco tempo depois, o hospital, que atualmente abriga
apenas um Centro de Especialidade, passou por reforma que custou R$ 5 milhões.
Detalhe: o prédio é alugado.
O fato é que sem atendimento de urgência
e emergência no HGM e com postos de saúde funcionando precariamente, restou à
população de Coroatá recorrer às unidades mantidas pelo Estado, a exemplo do
Hospital Macrorregional de Coroatá e da UPA, unidades que mantêm a política de
portas abertas aos pacientes de forma permanente.
Deputada estadual eleita pelo PMDB,
Andrea Murad, filha de Ricardo Murad e da prefeita Teresa, jamais subiu à
tribuna da Assembleia Legislativa do Maranhão para dar uma satisfação aos
coroataenses a respeito do fechamento de unidades de saúde do seu principal
reduto eleitoral. Ao contrário, a parlamentar se queixa da superlotação do
Hospital Estadual, provocada justamente pela ausência das unidades municipais.
Acusada de se beneficiar do desvio de
recursos da saúde estadual promovido pelo pai, Andrea Murad prega o caos na
saúde, e é imediatamente replicada por blogueiros citados em relatório da PF
como igualmente beneficiários dos desvios na saúde.
A estratégia, evidentemente, tem como
objetivo desviar o olhar dos incautos para o fato de que a família Murad
continua administrando recursos da saúde enquanto a população continua sem
atendimento decente.
do Blog do John Cturim
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