Senador não tem conseguido
esconder revolta com atuação do procurador, que pediu sua prisão ao Supremo

ISABELA BONFIM
O ESTADO DE S. PAULO
BRASÍLIA - O presidente do
Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou a aliados que quer dar seguimento ao
pedido de impeachment do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O
peemedebista não tem conseguido esconder sua revolta com a atuação do procurador,
que pediu sua prisão ao Supremo.
Na noite dessa quarta-feira, 15,
Renan participou de festa junina na casa da senadora Kátia Abreu. Antes disso,
entretanto, se reuniu com Eunício Oliveira (PMDB-CE) e Eduardo Braga (PMDB-AM)
na casa do ex-presidente José Sarney em Brasília. Os peemedebistas tiveram que
acalmar Renan, que estava decidido a aceitar o impeachment de Janot.
Ele relembrou aos colegas de
partido que existem ainda cinco pedidos de impeachment contra o
procurador-geral da República a serem analisados pelo Senado e que pretende
buscar, em algum deles, os argumentos necessários para acolher a denúncia.
Segundo os senadores, Renan está
irritado com as decisões do procurador-geral. O desconforto ficou claro durante
a festa junina de Kátia, quando Renan trouxe para as rodas de conversa, por
diversas vezes, o nome de Janot.
O presidente do Senado abordou
diferentes convidados mostrando em seu celular uma reportagem sobre o
procurador-geral. No título, Janot afirmava que a manutenção de sigilo da
delação do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, geraria crise entre os
poderes.
Renan argumentou com os
senadores que, dessa forma, Janot estava "estimulando vazamentos" e
que isso era uma "irresponsabilidade". O presidente do Senado foi
alvo de um dos vazamentos da delação de Machado e apareceu em diálogo chamando
Janot de "mau-caráter".
Renan cogita ainda que Janot
tenha orientado as gravações feitas por Sérgio Machado. "São conversas
totalmente induzidas, é uma delação orientada. Como pode grampear um senador
com foro? Só com autorização judicial", disse Renan aos convidados na
festa.
De acordo com Renan, a delação
de Sérgio Machado não possui "materialidade" e, para trazer essa
característica para a colaboração premiada, o delator teria sido orientado a
fazer gravações com o político. Ele fez um paralelo com o caso Delcídio e
afirmou que, ao negociar acordo de delação, o ex-senador teria se comprometido
a voltar ao Senado e fazer gravações com colegas para fortalecer o depoimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário