
VICTOR MARTINS
DO UOL
No final do primeiro tempo da
partida entre Estados Unidos e França, pelo grupo G do torneio feminino de
futebol dos Jogos Olímpicos, no Mineirão, a Polícia Militar de Minas Gerais
retirou 12 torcedores das cadeiras do estádio.
Eles não puderam acompanhar o
restante do jogo que terminou com vitória norte-americana e muito menos o jogo
da sequência, entre Colômbia e Nova Zelândia. O motivo não foi briga ou
ameaças, um protesto político contra o presidente interino Michel Temer.
Munidos de cartazes com os
dizeres "come back democracy" ("volta, democracia") esses
torcedores formaram a fase "Fora Temer". Cada camisa continha uma
letra, como explica o economista Eduardo Ferreira, um dos torcedores retirados
do Mineirão.
"Nós já temos feito outras
ações, em jogos do Atlético também. Dessa vez fomos com as camisas, cada uma
com uma letra e que formava 'Fora Temer'. Até uma senhora de 82 anos estava
conosco. Nos posicionamos na ordem correta das letras e logo fomos muito bem
recebidos. O mais legal é que tinha muita gente com cartazes avulsos e
conseguimos gritar "Fora Temer" até ficarmos roucos", disse
Ferreira ao UOL Esporte, que ainda explicou como tudo ocorreu.
"Os seguranças vieram e
falaram que não poderíamos ficar. E não queríamos brigar, estávamos
acompanhados de muitas senhoras e tinha até uma criança de oito anos.
Entregamos os cartazes primeiro e depois a polícia veio nos retirar.
Embaralhamos as letras, para continuar dentro do Mineirão, mas não aceitaram.
Nos retiraram mesmo assim. Foram dois polícias que vieram conversar, mas no
túnel, sem as imagens das câmeras, estava cheio de policiais. Até tentaram nos
qualificar, mas não teve como. Tirei a camisa com a letra e coloquei a do Galo,
então não tinha motivo para me qualificar. Como não tinha mesmo, fomos
embora", completou o economista.
No entanto, apesar da versão
contada por Eduardo Ferreira, a delegacia do Mineirão não fez nenhum registro
sobre a ocorrência. O UOL Esporte foi até a delegacia do estádio e a resposta
da Polícia Militar e da Polícia Civil foi a mesma: "nenhum registro até
agora".
Embora não exista uma
confirmação oficial e documentada do que ocorreu, testemunhas relataram ao UOL
Esporte toda a ação. Caso do metalúrgico Jan Rujner, que, embora estivesse com
cartaz e camisa com os dizeres "Temer jamais", não fazia parte do
grupo retirado do Mineirão.
"Eles levantaram com as
camisas e receberam o apoio de muita gente. Muitos vieram tirar fotos. Como a
torcida ficou muito inflamada com a situação, tiraram o pessoal do local. Mesmo
com muita gente filmando e questionando que aquilo não poderia ocorrer, a
polícia retirou o pessoal. Não teve violência, era um pessoal mais velho e que
não resistiu".
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