Requerimento provoca forte protesto
entre parlamentares contrários às modificações feitas em texto pela Câmara
Erich Decat, Isabela Bonfim e Julia
Lindner,
O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - Por 44 votos a 14, o plenário
do Senado rejeitou pedido de urgência para votação do pacote anticorrupção na
Casa. O requerimento assinado por líderes das bancadas do PMDB, PSD e PTC foi
anunciado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que chegou a
colocá-lo em discussão antes de o documento ser inserido no sistema da Casa.
Durante as discussões, se colocaram
contra a votação as bancadas do PSDB, DEM, PDT e PPS. Os demais partidos não se
posicionaram publicamente.
Em meio às reações acaloradas, Renan
orientou para que dois senadores fossem à tribuna para falar contra o
requerimento e dois para falar a favor. Apenas aqueles que foram contra se
pronunciaram. Nenhum senador a favor subiu à tribuna.
Com a palavra, o líder do governo,
Aloysio Nunes (PSDB-SP), ressaltou a necessidade de ter mais tempo para
discutir a polêmica proposta aprovada horas antes pelos deputados. “Sou contra
essa matéria.
“Ela foi aprovada na madrugada de ontem
(desta quarta-feira) e a maioria dos senadores não a conhece. Não nos coloquem
na contra mão da opinão pública. Não quero que essa matéria chegue na mesa do
presidente Temer para vetar ou apoiar”, afirmou.
O líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO),
também criticou a tentativa de se votar o requerimento que tiraria a
possibilidade de o tema ser discutido pelos senadores nas comissões temáticas.
“Pelo que consta, não houve oportunidade sequer de chegar a mim esse
requerimento e, como líder do Democratas, formulo a questão à Mesa para poder
esclarecer o fato, já que toda matéria que vem da Câmara dos Deputados deve ser
encaminhada à Comissão de Constituição e Justiça”, afirmou o líder.
Bastidores
Segundo interlocutores, o presidente do
Senado decidiu colocar o projeto das 10 medidas anticorrupção com urgência na
ordem do dia porque ficou "irritado" com as ameaças dos coordenadores
da Lava Jato. A articulação foi feita nesta no gabinete de Renan. Entre os
participantes do encontro estavam o líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), o
líder do PSDB, Aécio Neves (MG) e o senador Roberto Requião (PMDB-PR), que deve
ser designado como relator da proposta no plenário. Requião também é o relator
do projeto que atualiza a lei de abuso de autoridade, amplamente defendido por
Renan.
O líder do governo, senador Aloysio
Nunes (PSDB-SP), também teria participado da reunião, mas saiu muito irritado
ao saber do acordo que estava sendo costurado. Ele teria afirmado que não
concordava com a decisão. Mais cedo, disse em plenário que não permitirá que a
proposta seja aprovada no Senado e que vai "se bater contra isso".
A assessoria de imprensa de Aécio Neves
nega que ele tenha se encontrado com Renan hoje.
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