Ao conclamar seus pares a referendar
liminar que tira Renan Calheiros da Presidência do Congresso, ministro da Corte
máxima argumenta a que custo 'será implementada blindagem pessoal' do senador que
o desafiou
O Estado de São Paulo
O ministro Marco Aurélio Mello alertou
seus pares do Supremo Tribunal Federal para o que considera ‘desmoralização
ímpar’ da Corte máxima. Irritado com a conduta do presidente do Congresso,
senador Renan Calheiros (PMDB/AL), que o desafiou e se recusou a desocupar a
cadeira, ignorando a liminar que despachou na segunda-feira, 5, Marco Aurélio
disse aos colegas na sessão plenária desta quarta, 7, que a conduta do
peemedebista ‘fere de morte as leis da República, fragiliza o Judiciário,
significando prática deplorável’.
“Ao fim, implica a desmoralização ímpar
do Supremo, o princípio constitucional passa a ser um nada jurídico, a variar
conforme o cidadão que esteja na cadeira”, alertou o ministro.
Apontando diretamente para Renan, o
ministro foi enfático. “A que custo será implementada essa blindagem pessoal,
inusitada e desmoralizante, em termos de pronunciamento judicial?”
Conclamou todos os ministros presentes à
sessão, a quem nominou, uma um, a evitarem a ‘desmoralização’ da Corte e propôs
o referendo da liminar que derruba Renan e a derrota do recurso do senador.
“Com a palavra, o colegiado, os
ministros Edson Fachim, Teori Zavascki, Rosa Weber, Luiz Fux, Dias Toffoli,
Ricardo Lewandowski, Celso de Mello e Cármen Lúcia presidente. Que cada qual,
senhor de uma biografia, senhor da busca da credibilidade, do fortalecimento do
Supremo como instituição maior, autor da história a constar dos anais do
Tribunal, cumpra o dever decorrente da cadeira ocupada, prestando contas à
História, a gerações futuras, implacáveis testemunhas, não há falar em devido
afastamento no campo monocrático de presidente de outro Poder, mas sim na
observância estrita da Constituição Federal consoante interpretação já
assentada e executada pelo Supremo ante o quadro presente o impensável, o
desrespeito a uma decisão judicial, a um pronunciamento do Supremo proponho o
referendo da medida cauteladora, implementada, ficando prejudicado o agravo.”
“O Supremo não pode despedir-se do dever
de tornar prevalecente à ótica adotada (em relação ao ex-deputado Eduardo
Cunha), sem que isso importe em provocação ao Poder Legislativo. Caso
provocação haja, essa está no inconcebível, intolerável, grotesca postura de
recusar ordem judicial.”
Marco Aurélio foi dramático. “Receio,
receio muito o amanhã, caso prevaleça visão acomodadora, dando-se o certo pelo
errado, o dito pelo não dito.”
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