De 2012 a
2014, mais de 200 agentes foram afastados de suas funções.
Empresa
terceirizada não quis se manifestar sobre assunto.
Presos
chegaram a postar foto com armas antes da rebelião
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Suelen
Gonçalves
Do G1 AM
Familiares de
presos denunciaram ao G1 que entrada de armas no Complexo Penitenciário Anísio
Jobim (Compaj), em Manaus, foi possível por meio de subornos feitos a agentes
penitenciários. Mulheres de diferentes famílias afirmam já terem feito
pagamentos de até R$ 1 mil para agentes liberarem a entrada de visitantes com
armas, drogas e celulares. Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária
(Seap), a responsabilidade pelas revistas na unidade é da empresa Umanizzare. A
terceirizada não quis se pronunciar sobre o caso.
Uma das
mulheres que conversou com o G1 disse que estava dentro da cadeia quando os
tiros começaram a ser escutados no domingo (1º). "Eu estava na fila para
sair quando começaram a atirar, aí mandaram a gente sair e bloquearam nossa
passagem. O meu marido foi um dos que foram decapitados. Eu reconheci em um
vídeo que estavam chutando a cabeça dele. Desde lá, não consigo mais
dormir", contou a autônoma, que não quis ser identificada.
Ela afirma que
o marido, que cumpria pena por roubo, foi um dos beneficiados com recebimento
de arma. "Os auxiliares cobram R$ 200 para entrar com celular ou droga e
R$ 1 mil para entrar com arma. Essa história de que tudo entrou por um buraco é
mentira e o diretor daqui sabia de tudo o que acontecia", delata.
A dona de casa
Gecir de Souza, de 56 anos, é mãe de um dos presos do pavilhão dois e também
falou sobre as facilitações feitas por alguns agentes. "Os meninos sabem
quem são os auxiliares que pegam a grana. Sei de muita gente que pagava para
entrar com celular roubado na rua. Essa matança não teria acontecido se os
agentes e os familiares não levassem essas coisas lá para dentro. Para mim,
eles mataram tanto quanto os presos", critica.
Em nota
enviada ao G1, a Seap afirma que "constantemente tem identificado e
encaminhado para a Polícia Civil todas as ocorrências de apreensões de
materiais ilícitos em procedimentos de revista de visitantes". A Seap diz
ainda que todos os finais de semana são registradas ocorrências dessa natureza.
A Secretaria
informou que não tem conhecimento sobre os subornos. Por telefone, a assessoria
da Seap disse que a empresa terceirizada Umanizzare é responsável por realizar
os procedimentos de revista na unidade. A reportagem entrou em contato com a
terceirizada por telefone, mas a empresa não quis se pronunciar sobre o
assunto.
Casos
Em junho do
ano passado, dez agentes foram afastados depois que 39 presos do Centro de
Detenção Provisória de Manaus (CDPM) fugiram por um buraco. Os funcionários
eram de uma empresa terceirizada, que presta serviços no sistema prisional do
Estado. Um processo administrativo sancionatório foi aberto. Na época, a Seap
informou ainda que o diretor do CDPM e o diretor adjunto receberam uma
advertência por falhas na fiscalização dos serviços dos funcionários da
empresa.
Em agosto de
2014, 28 funcionários da empresa responsável pela segurança do Complexo
Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), no Amazonas, foram afastados das funções
suspeitos de facilitar a fuga de seis detentos ocorrida no dia 26 de julho. A
Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (Sejus) informou que pediu à Polícia
Civil abertura de inquérito para investigar o crime de formação de quadrilha.
Segundo a pasta, de 2012 a 2014, cerca de 200 agentes penitenciários foram
afastados do sistema prisional do estado sob suspeita de participação em
facilitação de fugas.
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