Crimes
forçaram empresa de ônibus a recolher veículos e a prefeitura determinou que
táxis, vans escolares e carros credenciados façam o serviço de lotação
Marco Antônio
Carvalho
Enviado
especial/O Estado de S. Paulo
NATAL - Onze
ônibus foram atacados nesta quarta-feira, 18, em Natal, após a transferência de
presos da Penitenciária de Alcaçuz para a Penitenciária Estadual de Parnamirim
. Outro veículo do governo também foi atacado e há relatos de tiros contra duas
delegacias da cidade. A capital potiguar vive uma crise no sistema penitenciário,
com uma rebelião que matou 26 pessoas em Alcaçuz, no sábado passado.
A Polícia
Militar informou ao Estado que os crimes têm relação com a disputa entre as
facções. Os ataques forçaram a empresa a recolher os veículos e a prefeitura
determinou que táxis, vans escolares e carros credenciados façam o serviço de
lotação para suprir a demanda.
De acordo com
o Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Natal (Seturn) oito dos 11
incêndios aconteceram na garagem da empresa São Geraldo localizada às margens
da rodovia BR-226, no bairro de Felipe Camarão, zona oeste de Natal.
"Invadiram a portaria e colocaram fogos em todos os veículos que estavam
na garagem", disse o consultor técnico do sindicato, Nilson Queiroga.
Outro veículo,
dessa vez da linha urbana, havia sido dominado e incendiado no início da tarde.
Outros dois ônibus, no início da noite, também foram atacados enquanto
aguardavam passageiros no terminal Vale Dourado, na zona norte da capital
potiguar. "Não há condição nenhuma de seguir operando. Os crimes dão
prejuízos e deixam os trabalhadores sem condições psicológicas de seguirem
atuando", acrescentou Queiroga.
Segundo ele,
as linhas corujões, que operam a partir de meia-noite, também terão o
funcionamento suspenso. Para garantir a retomada do serviço nesta quinta-feira,
19, o sindicato pediu auxílio da Polícia Militar, para que haja vigilância nas
garagens das empresas.
Em nota na
noite desta quarta, a Secretaria de Trânsito e Transportes Urbanos (STTU)
informou que, por causa dos ataques, autorizou táxis, transporte escolar e
veículos credenciados a realizarem o serviço de lotação, "já que os
veículos do sistema regular de transporte foram recolhidos às garagens".
"Os serviços de lotação deverão cobrar o valor da passagem inteira, ou
seja, R$ 2,90, e estão dispensados de cobrar meia passagem", declarou a
administração municipal.
O secretário
de Segurança Pública, Caio César Bezerra, disse, em relação aos ataques nas
ruas da capital nesta quarta, que "há algum tipo de situação vinculada às
transferências" dos presos de Alcaçuz. Ele disse que as investigações
sobre os crimes estão ocorrendo e tentou tranquilizar a população.
"Estamos preparados, as polícias estão integralmente mobilizadas e as
investigações estão em curso. A população pode ficar tranquila e realizar suas
atividades normalmente", disse.
Mais cedo, o
1º Distrito Policial, localizado no centro, e o 14º DP em Felipe Camarão haviam
sido alvos de disparos de criminosos não identificados. A polícia acredita que
a sequência de ataques seja uma reação à transferência de integrantes do
Sindicato do Crime (SDC) da Penitenciária de Alcaçuz para Parnamirim, ambas na
Grande Natal. O SDC foi alvo de um ataque do PCC no sábado, 14, e reclamava a
permanência na unidade prisional e mudança dos rivais do Primeiro Comando da
Capital (PCC), o que não ocorreu.
Na frente de Alcaçuz
na tarde desta quarta, familiares dos detentos ligados à facção potiguar
prometiam ataques na cidade caso ele deixassem a cadeia em Nísia Floresta. No
ano passado, o SDC foi apontado como o responsável por 108 ataques em 38
cidades, entre julho e agosto, em reação à instalação de um bloqueador de sinal
de celular no presídio de Parnamirim.
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