STF analisa processo que pede a
descriminalização do porte de drogas
POR CAROLINA BRÍGIDO
O Globo
BRASÍLIA – O ministro Luís Roberto
Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), defendeu nesta quarta-feira a
legalização da maconha como forma de aliviar a crise do sistema penitenciário
brasileiro. Segundo ele, a medida desmontaria o tráfico de drogas e, com isso,
o número de condenados diminuiria. Barroso afirmou que, se a experiência desse
certo com a maconha, seria o caso de legalizar também a cocaína.
— A primeira etapa, ao meu ver, deve ser
a descriminalização da maconha. Mas não é descriminalizar o consumo pessoal, é
mais profundo do que isso. A gente deve legalizar a maconha. Produção,
distribuição e consumo. Tratar como se trata o cigarro, uma atividade
comercial. Ou seja: paga imposto, tem regulação, não pode fazer publicidade,
tem contrapropaganda, tem controle. Isso quebra o poder do tráfico. Porque o
que dá poder ao tráfico é a ilegalidade. E, se der certo com a maconha, aí eu
acho que deve passar para a cocaína e quebrar o tráfico mesmo — disse o
ministro.
Barroso ressaltou que a posição dele não
é ideológica a favor das drogas, mas pelo combate ao tráfico e à criminalidade.
— A minha proposta não é ideológica. Não
acho que droga seja bom. Não é como liberdade de imprensa, não sou a favor de
droga. Eu sou contra a criminalização como ela é feita no Brasil, porque as
consequências são piores do que os benefícios. Eu educo meus filhos numa
cultura de não consumir droga. Mas acho que a melhor forma de combater a droga
é legalizando — afirmou Barroso.
O plenário STF começou a analisar um
processo que pede a descriminalização do porte de drogas, mas um pedido de
vista do ministro Teori Zavascki interrompeu o julgamento. Com a morte do
ministro, o sucessor dele, que ainda não foi escolhido pelo presidente Michel
Temer, vai herdar o processo. A expectativa é de que o caso demore até ser
devolvido ao plenário, porque o novato ainda teria que estudar o caso antes de
elaborar o voto.
Barroso explicou que não cabe ao
Judiciário decidir sobre a legalização ou não das drogas. Essa seria uma tarefa
para o Congresso Nacional – que, segundo ele, precisa abandonar os preconceitos
antes de analisar o tema.
— Isso depende de legislação. É preciso
superar preconceitos e é preciso lidar com o fato de que a guerra às drogas
fracassou e agora temos dois problemas: a droga e as penitenciárias entupidas
de gente que entra não sendo perigosa e sai perigosa. Eu sei que há muito
preconceito, mas a questão vai ser ou fazer logo, ou fazer ali na frente, porque
não tem alternativa — opinou o ministro.
Para Barroso, um dos grandes problemas
do sistema penitenciário é a prisão de pequenos traficantes que não são
perigosos e, quando deixam a prisão, ficam perigosos.
— A crise no sistema penitenciário
coloca agudamente na agenda brasileira a discussão da questão das drogas. Ela
deve ser pensada de uma maneira mais profunda e abrangente do que a simples
descriminalização do consumo pessoal, porque isso não resolve o problema. Um
dos grandes problemas que as drogas têm gerado no Brasil é a prisão de milhares
de jovens, com frequência primários e de bons antecedentes, que são jogados no
sistema penitenciário. Pessoas que não são perigosas quando entram, mas que se
tornaram perigosas quando saem. Portanto, nós temos uma política de drogas que
é contraproducente, ela faz mal ao país — declarou.
O Ministro Barroso, está com muita lucidez. Por um lado ele tem razão. Isto seria viável na concepção do ministro que precisa ter conhecimento do numero de ocorrências nos brasis a fora que envolve o tráfico, que aumenta a violência e a criminalidade no país. É permitir que o maconheiro(o viciado ou dependente químico) faça uso do consumo do entorpecente na calçada de sua casa. Ou melhor é permitir o crescimento de cracolândias em varias cidades da república.O outro lado inocente do Ministro é, que o único jeito de esvaziar os presídios superlotados, que é um verdadeiro depósito lixo humano, é liberar os detentos de crimes de menor potencial ofensivo, e aí o que vai acontecer ? uma explosão irreversível da criminalidade.O Fernandinho Beira-mar, o Marcola, dentre outros traficantes que cumprem pena, podem pegar o gancho da liberdade prisional. O Ministro tem seguranças federais por 24 horas por dia,os filhos estudam nas melhores escolas do pais(méritos); o cidadão, a cidadã de bem, tem o medo e o temor da insegurança. É um grande problema social. O pais não está preparado diante de toda essa corrupção.Não tem cultura para viver esse processo de liberdade democrática, que é a descriminação da maconha.O Ministro Barroso, como notável saber jurídico, homem público da mais alta corte do judiciário, tem que se posicionar a favor da reformulação das leis(execuções penais, etc...). A sáida para essa crise é a transparência da gestão pública nos très poderes. É a segregação de criminosos e de infratores da Lei com todas as garantias constitucionais com prioridade à educação para viabilizar a ressocialização dessas pessoas, protagonistas de um sistema carcerário falido. Retornar presos para o convívio da sociedade, dessa forma é um desrespeito a democracia, a ordem e o progresso que tanto almejamos neste país, Ministro.
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