Gustavo Maia
Do UOL, em Brasília
No terceiro dia da crise política
causada pela delação premiada de executivos da JBS, que levou à abertura de
inquérito contra o presidente Michel Temer (PMDB), o PSB (Partido Socialista
Brasileiro), decidiu romper oficialmente com o governo federal e
"sugerir" a renúncia do peemedebista "o mais rápido
possível".
Com 42 parlamentares, o partido tem a
sexta maior bancada das duas Casas do Congresso, e representa 7% dos votos no
Legislativo. A legenda é a quarta maior em número de senadores (sete), empatado
com o PP. Na Câmara, a sigla é asétima mais representada, com 35 deputados
federais.
O posicionamento foi divulgado depois de
reunião da Executiva Nacional do partido que começou por volta das 10h e entrou
pela tarde deste sábado (20), em Brasília. No encontro, que ainda não terminou,
os dirigentes discutiram a permanência do ministro de Minas e Energia, Fernando
Bezerra Coelho Filho (PSB-PE), no cargo, mas até as 13h20, ainda não haviam
decidido que providências serão tomadas caso ele decida ficar na pasta.
Deputado federal licenciado, eleito para
o seu terceiro mandato em 2014, Coelho Filho foi procurado pela reportagem do
UOL, mas não respondeu até o momento. Seu pai, o senador Fernando Bezerra
Coelho (PSB-PE), que é vice-presidente de relações parlamentares do PSB, não
compareceu à reunião e também não foi encontrado pela reportagem.
Resolveram ainda fechar questão em apoio
à aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição), de autoria do deputado
Miro Teixeira (Rede-RJ), que prevêeleição direta caso Temer deixe a Presidência
da República.
"O povo precisa entrar em cena
porque a crise é muito grande e não é só do presidente, é de todo o sistema político
que precisa ser renovado no processo eleitoral", declarou o presidente do
PSB, Carlos Siqueira.
Na quinta (18), dia seguinte à
divulgação das primeiras informações sobre a delação, pelo jornal "O
Globo", Siqueira já havia divulgado nota pedindo que o ministro Coelho
Filho voltasse a exercer o mandato na Câmara pelo partido
Segundo Siqueira, a sigla não pode
"admitir" que um de seus membros faça parte de um governo
"antipopular que perdeu, por inteiro, sua legitimidade para governar o
Brasil".
Ele ressaltou, porém, que a indicação de
Coelho Filho para o ministério "jamais" foi feita pela direção
nacional da sigla.
O PSB também foi um dos partidos que
assinou pedido de impeachment contra Temer na quinta. Em menos de 24 horas, o
presidente foi alvo de outros sete requerimentos semelhantes protocolados na
Câmara dos Deputados.
Ao deixar a reunião neste sábado, o
deputado Julio Delgado (PSB-MG), que é secretário especial do partido, afirmou
que o ministro "talvez seja até implicado a pedir licença do partido para
continuar exercendo [o comando do ministério]".
"Talvez ele queira ficar no navio
tocando o violino do Titanic. Essa é uma opção dele", ironizou Delgado.
Antes do PSB, o Podemos (ex-PTN) e o PPS
já haviam anunciado o rompimento com o Planalto. O agora ex-ministro da
Cultura, Roberto Freire (PPS-SP) se demitiu por conta da repercussão das
revelações.
Nesta sexta (19), no entanto, ele
reassumiu a presidência nacional do partido e afirmou que a legenda vai continuar
apoiando o governo, apesar de dizer que sua demissão foi
"inevitável".
As dez maiores bancadas no Congresso:
PMDB - 85 (Senadores 22 + Deputados 63)
PT - 67 (9 + 58)
PSDB - 58 (11 + 47)
PP - 54 (7 + 47)
PR - 43 (4 + 39)
PSB - 42 (7 + 35)
PSD - 42 (5 + 37)
DEM - 33 (4 + 29)
PDT - 21 (2 + 19)
PTB - 19 (2 + 17)
No total, são 81 senadores e 513
deputados.
PSB
x Governo
A relação conflituosa do PSB com o
governo Temer não começou com a revelação da delação de Joesley Batista, dono
da JBS.
Em dezembro do ano passado, o presidente
do PSB gaúcho, o ex-deputado federal Beto Albuquerque, defendeu que a sigla
deixasse a base aliada e entregasse todos os cargos no governo, incluindo o
Ministério de Minas e Energia.
Em abril deste ano, a Executivo do PSB
fechou questão contra as reformas da Previdência e trabalhista, duas das
principais propostas do Planalto.
Na sessão plenária que aprovou o projeto
que altera leis trabalhistas na Câmara, no entanto, 14 dos 30 deputados do PSB
que estavam presentes votaram a favor da reforma –e continuaram na sigla.
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