Jorge Luz, apontado como operador de
propinas do partido, revela em interrogatório que fez depósitos milionários na
Suíça em favor dos senadores Renan Calheiros e Jader Barbalho e do deputado
federal Anibal Gomes
Julia Affonso, Luiz Vassallo e Fausto
Macedo
O Estado de São Paulo
O lobista Jorge Antônio da Silva Luz,
apontado como operador de propinas do PMDB, afirmou nesta quarta-feira, 19, que
fez depósitos milionários em uma ‘conta do PMDB’ na Suíça destinados aos
senadores Renan Calheiros (AL) e Jader Barbalho (PA), ao ex-ministro Silas
Rondeau e também para o deputado federal Anibal Gomes (CE). Interrogado pelo
juiz federal Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, como réu em uma ação de
corrupção na Petrobrás, Luz foi enfático e detalhou que os repasses eram
realizados por meio da conta Headliner.
Moro indagou do acusado sobre pagamentos
que constam para a empresa Piemonte, do lobista Júlio Camargo. Um desses
depósitos, no valor de US$ 1,5 milhão, foi executado no dia 8 de maio de 2007.
“Isso, acabei de falar exatamente isso
para o senhor”, respondeu Luz. “No dia 8 de maio de 2007, a Piemonte, de Júlio
Camargo, pagou em uma conta no Credit Suisse um milhão e meio.”
“Esse dinheiro era para o sr?”,
questionou Moro.
“Esse aqui foi o que repassei para o
Tordin, 161, depois paguei pro PMDB 86 mil, depois paguei mais 185 pra
Headliner, depois paguei 49 mil outra vez pro PMDB, Renan, Jader, Silas e
Anibal. Eu tenho tudo isso discriminado.”
Moro insistiu. “Nesses mesmos pagamentos
para Júlio Camargo pagamentos diretos pra empresa Headliner, é a mesma
Headliner que o sr está falando?”
“Que é do PMDB, é em Lugano (Suíça)”,
disse o lobista.
“O sr sabe de quem é essa conta?”,
perguntou o juiz.
“Essa conta era do PMDB, pra mim do
Anibal, Renan, Jader.”
“Sabe se era controlada por algum
operador?”
Não sei, pra mim quem operava era o
Anibal ou Luiz Carlos Sá.”
O Ministério Público Federal perguntou a
Jorge Luz se houve pagamento de propina a políticos na negociação dos
navios-sonda Vitoria 10000 e Petrobras 10000.
“Teve, teve”, disse.
“Petrobras 10000, como eu disse ao
senhor, teve, mas não foi por meu intermédio, foi uma operação montada direta.
Quem repassava, o Anibal passava as contas para o Fernando. Em determinado
momento, ele não passava, porque se
desentenderam, por questões de atraso e depois ele passava para o sr Julio
Camargo, que eu soube depois, que eu não sabia, da empresa Piemonte, que pagava
aos políticos.”
Jorge Luz afirmou que repassou valores
‘somente através da Headliner, nada em espécie.’
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