Acostumado com o poder e a impunidade eterna, Sarney, com as denúncias de Janot, pode finalmente cair do topo do poder para ser julgado como cidadão comum, caso o juiz Sérgio Moro passe a apurar as denúncias contra o ex-senador na primeira instância.
Denunciado pela Procuradoria-Geral da
República (PGR) por ter recebido R$ 650 mil em propina para abastecer seu grupo
político nas eleições de 2008, José Sarney usou neste fim de semana sua coluna
no jornal O Estado do Maranhão - de sua propriedade - para atacar o
procurador-geral Rodrigo Janot e defender o impopular governo Michel Temer (PMDB).
No artigo intitulado "O
bigode", Sarney cita uma suposta obsessão de Janot pelo seu bigode e o do
senador Romero Jucá (PMDB-RR). Jucá é correligionário do velho oligarca e outro
peemedebista na fila dos investigados pela Lava Jato na Suprema Corte, com cinco
pedidos de inquéritos por atos de corrupção.
"Frases aqui e acolá, de ontem e de
hoje, estão fazendo onda. Pode figurar nelas a obsessão do Janot com o bigode
do Jucá [...] Que direi eu que carrego um desde que surgiu? Várias vezes me
sugeriram tirá-lo, eu recusei [...] Tem sido marca e referência. Uns me
trataram 'de homem do bigode'; outros, de 'o bigodão' [...] Mas, graças a Deus,
ele aí está, e Deus queira que o Dr. Janot o esqueça — coisa que não me parece
provável", desabafa Sarney.
Além de atacar os pedidos de
investigações feitos pelo chefe do Ministério Público Federal contra ele e seus
comparsas do PMDB, Sarney aproveita a narrativa sobre bigodes para tentar
maquiar verbalmente o fracasso do governo Temer.
"Bigodes à parte, o país dá sinais
de que volta a crescer, com empregos em alta, reservas melhorando, embora ainda
longe de recuperar os 8% do PIB", diz Sarney na coluna.
Ele bem que tentou dar um tom jovial ao
texto ao falar sobre bigodes, mas o artigo de Sarney é, a bem da verdade, um
lamurioso protesto.
Acostumado com o poder e a impunidade
eterna, Sarney, com as denúncias de Janot, pode finalmente cair do topo do
poder para ser julgado como cidadão comum, caso o juiz Sérgio Moro passe a
apurar as denúncias contra o ex-senador na primeira instância. O oligarca está
afastado da política desde 2014 e não possui, portanto, direito a foro
privilegiado.
Como diz o título de um artigo escrito
pelo jornalista Andrei Meireles, Sarney no banco dos réus pode ser um marco na
Justiça brasileira. Agora é espera para ver se Janot vai, finalmente, conseguir
“raspar o bigode” (e a tirania) de Sarney.
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