Por G1/Bahia
A Polícia Federal encontrou, nesta
terça-feira (5), uma grande quantidade de dinheiro em apartamento que seria
utilizado por Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) em Salvador. O ex-ministro cumpre
prisão domiciliar na Bahia.
Conforme a Justiça Federal, a ação faz
parte de apurações relacionadas à prática de corrupção, quadrilha e lavagem de
dinheiro envolvendo a Caixa Econômica Federal. A polícia localizou o montante
na residência que fica em um edifício na Rua Barão de Loreto, no bairro da
Graça, área nobre da capital baiana, durante busca e apreensão autorizada pela
10ª Vara Federal de Brasília.

Durante as investigações, surgiu a
suspeita de que Geddel estaria escondendo provas de atos ilícitos no
apartamento no bairro da Graça, imóvel que teria sido emprestado a ele pelo
proprietário para que o ex-ministro guardasse pertences de seu pai, já
falecido.
Na decisão da Justiça que autorizou o
procedimento de busca e apreensão, documento datado de 30 de agosto, consta
que: "há fundadas razões de que no supracitado imóvel existam elementos
probatórios da prática dos crimes relacionados na manipulação de créditos e
recursos realizadas na Caixa Econômica Federal".
Conforme a PF, a Operação Tesouro
Perdido deflagrada nesta terça tinha objetivo de cumprir o mandado de busca e
apreensão emitido pela Justiça, e após investigações decorrentes de dados
coletados nas últimas fases da Operação Cui Bono, a PF chegou ao endereço em
Salvador, que seria, supostamente, utilizado por Geddel Vieira Lima como
“bunker” para armazenagem de dinheiro em espécie.
Segundo a polícia, os valores
apreendidos serão transportados a um banco onde será contabilizado e depositado
em conta judicial.
O G1 entrou em contato com a defesa de
Geddel Vieira Lima às 11h55. Por meio da assessoria, a informação é de que o
advogado que representa o ex-ministro não podia falar com a reportagem no
momento por estar participando de uma audiência em Brasília.
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Trecho da decisão que autorizou a PF a fazer busca e apreensão em endereço atribuído a Geddel Vieira Lima |
Réu
A Justiça Federal em Brasília aceitou,
no final de agosto, denúncia da Procuradoria da República no Distrito Federal e
transformou em réu o ex-ministro Geddel Vieira Lima por obstrução de justiça.
Geddel foi denunciado por tentativa de
atrapalhar as investigações sobre desvios no FI-FGTS, o fundo de investimentos
do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. A denúncia foi aceita pelo juiz
Vallisney de Oliveira, da 10ª Vara da Justiça Federal em Brasília.
Em nota divulgada após a decisão da
Justiça, a defesa de Geddel afirmou que: "Rechaça com veemência as
fantasiosas acusações contidas na denúncia, fruto de verdadeiro devaneio e
excesso acusatório. Tão logo notificado pelo juízo da 10ª Vara da Seção
Judiciária do Distrito Federal, será apresentada a peça de defesa, oportunidade
que demonstrará a inocorrência de qualquer ilícito e a necessidade de rejeição
da inepta e inverídica acusação."
Segundo a denúncia da procuradoria, após
as tratativas do operador Lucio Funaro para fechar o acordo de delação premiada,
Geddel começou a atuar para atrapalhar as negociações. O político fez contatos
telefônicos constantes com a esposa de Lúcio Funaro, Raquel Albejante Pita.
Procuradores dizem que o objetivo de
Geddel era sondar como estava o ânimo do doleiro e garantir que ele não
fornecesse informações aos investigadores.
"Com ligações alegadamente
amigáveis, intimidava indiretamente o custodiado, na tentativa de impedir ou,
ao menos, retardar a colaboração de Lúcio Funaro com os órgãos investigativos
Ministério Público Federal e Polícia Federal", reitera um dos trechos da
ação.
Ainda segundo o MP, as investidas de
Geddel foram reveladas em depoimentos dados por Lúcio Funaro e a esposa, e
confirmadas, posteriormente, por meio de perícia realizada pela Polícia Federal
no aparelho telefônico de Raquel Pita. Entre os dias 13 de maio e 1º de julho
de 2017 foram 17 ligações.
Aos investigadores, o casal também
revelou ter ficado com receio de sofrer intimidações e retaliações por parte de
Geddel, uma vez que o político possuía influência e poder, inclusive no
primeiro escalão do governo.
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