Por Luciano Costa (Reuters)
O ex-presidente José Sarney e o senador
licenciado Edison Lobão têm articulado nomes para suceder diretores da Agência
Nacional de Energia Elétrica (Aneel) cujos mandatos vencem neste ano, incluindo
o diretor-geral do órgão regulador, Romeu Rufino, que fica no cargo até agosto,
disseram à Reuters três fontes com conhecimento do assunto.
A movimentação dos políticos
maranhenses, ambos do MDB, partido do presidente Michel Temer, evidencia a
forte influência da sigla sobre o setor de energia no Brasil, mesmo após o
escândalo de corrupção revelado por autoridades nas investigações da Operação
Lava Jato.
Sarney e Lobão, que foi ministro de
Minas e Energia nos governos Lula e Dilma, foram denunciados ao Supremo
Tribunal Federal (STF) pela Procuradoria-Geral da República (PGR) sob acusação
de envolvimento em suposta organização criminosa que negociava propinas na
Petrobras e no setor elétrico.
Segundo as três fontes, que falaram sob
anonimato, os caciques do MDB pretendem colocar no comando da Aneel o
engenheiro civil André Pepitone, que já é diretor da agência desde 2010.
Embora Rufino ainda tenha meses de
mandato, as movimentações já estão em curso devido à importância extra que o
principal cargo da agência reguladora deve ganhar neste ano, conforme o
presidente Temer tenta viabilizar um plano de privatizar ainda em 2018 a Eletrobras,
maior elétrica do Brasil.
“Tem uma articulação do Lobão e do
Sarney para colocar como diretor-geral o André Pepitone”, disse uma das fontes.
Procurados por meio de suas assessorias,
Lobão e Sarney não comentaram de imediato. Eles têm negado as acusações de
envolvimento em corrupção.
Não foi possível encontrar o diretor
André Pepitone para comentários imediatamente.
O atual diretor-geral da Aneel, Romeu
Rufino, foi indicado pela ex-presidente Dilma Rousseff.
VAGA ABERTA – Os políticos do MDB também
pretendem indicar nomes para outras vagas na diretoria da Aneel, que já tem um
posto em aberto devido ao fim do mandato do diretor Reive Barros no final de
2017.
Além dessa vaga e da diretoria-geral,
também vencem em agosto os mandatos do próprio André Pepitone e do diretor
Tiago de Barros Correia.
Duas das fontes disseram que o senador
por Rondônia Valdir Raupp, também do MDB, tem tentado bancar o nome de um
executivo da Eletrobras de seu Estado, Efraim Cruz, para assumir uma das
posições na Aneel.
Lobão e Sarney também têm se movimentado
para emplacar a indicação de Sandoval de Araújo Feitosa, hoje superintendente
de fiscalização de serviços de eletricidade na Aneel.
“Isso está dentro de uma estratégia do
senador Lobão e do Sarney para ter três pessoas lá (na agência). O
diretor-geral, o Sandoval, e estão apoiando também esse pedido do Valdir
Raupp”, disse uma das fontes.
Procurado por meio de sua assessoria,
Raupp não comentou. Sandoval Feitosa não foi encontrado para comentar.
PERFIL TÉCNICO – Segundo duas das
fontes, existe em paralelo um movimento dos investidores no setor elétrico para
apoiar um nome técnico para ao menos uma das vagas na diretoria.
As elétricas têm tentado algum apoio
político para indicar Marco Delgado, diretor da Associação Brasileira de
Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee).
“Os agentes do setor consideram que é
importante ter uma pessoa com perfil técnico, sem vinculação política”, disse a
fonte.
Não foi possível contato com Delgado
para comentários.
Hoje dirigente de uma associação de
grandes consumidores de energia, a Abrace, o ex-diretor da Aneel Edvaldo
Santana avalia que a definição de nomes para a diretoria da agência torna-se um
assunto crucial devido à perspectiva de privatização da Eletrobras e a planos
do governo de promover uma reforma na regulamentação do setor elétrico.
“Para tudo isso que se pretende fazer,
vai depender de uma Aneel forte. É fundamental para o sucesso de tudo isso”,
disse.
Criada em 1996 para fiscalizar e regular
o setor elétrico, a Aneel tem uma diretoria colegiada formada por cinco
profissionais, que têm reuniões públicas semanais para discutir processos.
A indicação formal de diretores cabe ao
presidente da República, com posterior sabatina dos escolhidos pelo Senado
Federal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário