Rádio Voz do Maranhão

sexta-feira, 5 de abril de 2019

Nos EUA, Flávio Dino critica pacote anticrime de Moro

CAMBRIDGE (EUA) - O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), teceu duras críticas ao pacote anticrime proposto pelo Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. "Pouca coisa se salva ali," disse Dino, que também criticou o que chamou de "populismo penal" supostamente em voga atualmente e a distribuição do Fundo Carcerário. 
"Recebi apenas R$ 80 milhões, no ano passado, de um fundo de R$ 3 bilhões", disse o governador, reeleito em outubro de 2018.

"A elite utiliza o sistema carcerário no sentido negativo, mas também para se livrar dos indesejáveis, dos segmentos desfavorecidos, daqueles que são vistos como descartáveis", disse Dino, nesta sexta-feira (5), ao criticar o populismo penal. "O inferno está nos extremos, e, a virtude, no meio termo."

Ele disse que seu Estado está tentando focar o sistema prisional em trabalho e reeducação. O governador participou do painel "Soluções: Transformação do Sistema Carcerário Brasileiro", parte da Brazil Conference 2019, que é realizada de hoje até domingo (7) na Universidade de Harvard e no MIT em Cambridge, EUA. A conferência é realizada por estudantes brasileiros das duas universidades.

A plateia é formada principalmente de estudantes e pessoas interessadas no Brasil.

Cárcere x educação

Outro participante do painel, o Ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso, também chamou atenção para o "hiperencarceramento" de pequenos traficantes e réus primários e o "fracasso" da guerra contra as drogas. Ele sugeriu que o Brasil adote uma política pública "séria" que descriminalize o uso de drogas.

"Não é oba-oba, é coisa feita com seriedade, verificando experiências mundo afora, avaliando em três anos para ver se deu certo. O que eu sei é que o que estamos fazendo agora não está dando certo", disse o ministro. Enquanto os EUA estão começando a liberar algumas drogas, o discurso de confrontamento ao tráfico se fortalece no Brasil notou ele.

Para Barroso, o país precisa se concentrar em combater a corrupção e o crime organizado, e melhorar as condições do sistema carcerário. "Não há um contrato público relevante no Brasil - no plano federal - que não tenha uma autoridade pública levando vantagem indevida" disse o ministro.

"Temos uma política que destrói vidas, custa caro, e deixa eles [os delinquentes] piores do que entraram". Barroso alertou que o verdadeiro problema do Brasil é a educação. "Quem está preocupado se foi golpe ou não está preocupado com o fantasma errado", disse.

Com informações do Valor Econômico

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