De acordo com documento da Aeronáutica,
o estudante Fernando Santa Cruz foi preso pelo regime em 22 de fevereiro de
1974, no Rio de Janeiro; o documento desmente a versão de Jair Bolsonaro para o
desaparecimento de Fernando, que é pai do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz
"Um documento secreto da
Aeronáutica desmente a versão de Jair Bolsonaro para o desaparecimento de
Fernando Santa Cruz, morto em 1974 pela ditadura militar", afirma o
colunista Bernardo Mello Franco, do jornal O Globo.
Ele se refere ao relatório secreto RPB
655, do Comando Costeiro da Aeronáutica, que atesta que o estudante Fernando
Santa Cruz foi preso pelo regime em 22 de fevereiro de 1974, no Rio de Janeiro.
Para atacar o presidente da OAB, Felipe
Santa Cruz, o presidente Jair Bolsonaro disse que Fernando teria sido
assassinado por outros militantes de esquerda.
"Não foram os militares que mataram
ele não, tá? É muito fácil culpar os militares por tudo o que acontece",
disse Bolsonaro, afirmando que Santa Cruz teria sido morto por outros
militantes da Ação Popular, uma das organizações que combatiam a ditadura.
O
desaparecimento de Fernando Santa Cruz
Fernando Santa Cruz saiu da casa de seu
irmão, em Copacabana, Rio de Janeiro, na tarde do dia 23 de fevereiro de 1974,
para nunca mais ser visto. Não desapareceu: foi desaparecido.
Elzita, sua mãe, iniciou logo uma
incansável luta para descobrir o que haviam feito com seu filho. A luta durou até
que ela tivesse 105 anos. Mês passado, suas forças se esgotaram e ela faleceu,
sem enterrar seu filho e sem que os responsáveis pelo assassinato de Fernando
fossem responsabilizados.
Ainda em 1974, Elzita redigiu uma carta
para o comandante do II Exército, perguntando se seu filho se encontrava preso
lá. Quem respondeu foi um tenente-coronel, não só negando a informação, como
também fingindo indignação. Escreveu o militar para Elzita: “seria desonrar
todo nosso passado de tradições, se nos mantivéssemos calados diante de
injúrias ora assacadas contra nossa conduta de soldados da Lei e da Ordem que
abominam o arbítrio, a violência e a prepotência”. Para o Exército, a luta de
Elzita era uma injúria.
Em 1978, um documento da Aeronáutica
confirmava o que Elzita denunciava: seu filho fora preso e mantido sob custódia
pelas Forças Armadas. É esse relatório da imagem abaixo, onde se pode ler a
informação oficial de que Fernando Santa Cruz foi preso em fevereiro de 1974.
Mais não se sabe. Os documentos que teriam
condições de explicar as circunstâncias da morte e desaparecimento de Fernando
estão nas gavetas das Forças Armadas, inacessíveis até hoje. A outra fonte
possível seriam os militares envolvidos no crime. Eles não falam. Jamais
falaram. Mantêm um pacto de silêncio.
Mas de acordo com o documento anexado ao
relatório da Comissão Nacional da Verdade (CNV), Santa Cruz estava sob custódia
do Estado quando foi assassinado.
"Em depoimento à CNV, o ex-delegado
Cláudio Guerra disse que o corpo teria sido incinerado na Usina Cambahyba, em
Campos", destaca o colunista.
Com informações de Lucas Pedretti/https://www.plural.jor.br
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