O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) aproveitou a ocasião do Sete de Setembro, data da Independência do Brasil,
para fazer um pronunciamento em que ataca o presidente Jair Bolsonaro (sem
partido) pelas mortes pelo coronavírus e pelo que ele classifica de ataque à
soberania do país.
Segundo Lula, as elites conservadoras
apoiaram Bolsonaro como forma de dar um basta à ascensão social promovida nos
governos petistas, e as eleições de 2018 "jogaram o Brasil em pesadelo que
parece não ter fim".
"Com ascensão de Bolsonaro,
milicianos, atravessadores de negócios e matadores de aluguel saíram das
páginas policiais e apareceram nas colunas políticas. Como nos filmes de
terror, as oligarquias brasileiras pariram um monstrengo que agora não
conseguem controlar, mas que continuarão a sustentar enquanto seus interesses
estiverem sendo atendidos", disse.
Lula afirmou que as elites foram coniventes
com fuga de debates, discursos em defesa da tortura, apologia ao estupro, além
de financiarem a disseminação de fake news.
A fala nesta segunda (7), de pouco mais de
20 minutos, foi gravada e transmitida em redes sociais. Além da pandemia, Lula
aborda temas como preservação da Amazônia, direitos indígenas e quilombolas,
defesa das vidas negras, combate à violência contra as mulheres, privatizações,
teto de gastos e a frente de oposição a Bolsonaro.
"Estamos entregues a um governo que
não dá valor à vida e banaliza a morte. Um governo insensível, irresponsável e
incompetente, que desrespeitou as normas da Organização Mundial de Saúde e
converteu o coronavírus em uma arma de destruição em massa", afirmou.
Lula afirmou que Bolsonaro trata os mortos
pela Covid-19 com desdém, defendeu o SUS e o auxílio emergencial de R$ 600 – o
governo afirmou que irá manter o pagamento, mas com valor de R$ 300.
O petista disse ainda que o país vice crise
sanitária, econômica, social e ambiental, ressaltando que a pandemia atinge
especialmente pretos, pobres e vulneráveis.
Lula criticou também a quantidade de
militares que compõe o governo Bolsonaro, afirmando haver uma "escalada
autoritária" que faz "lembrar os tempos sombrios da ditadura".
"O mais grave de tudo isso é que
Bolsonaro aproveita o sofrimento coletivo para, sorrateiramente, cometer um
crime de lesa-pátria. Um crime politicamente imprescritível, o maior crime que
um governante pode cometer contra seu país e seu povo: abrir mão da soberania
nacional", disse Lula.
Lula diz que lutou por liberdades, como a
liberdade de opinião e manifestação, mas que o governo Bolsonaro promove a
submissão do país aos Estados Unidos.
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