Secretário estadual de Segurança Pública mudou a versão dada anteriormente pela Polícia Civil sobre o crime e disse que agentes vão continuar trabalhando até a finalização do inquérito.
MP vai pedir a exumação do corpo de Hamilton César, já que o jovem foi enterrado sem passar por necropsia.
A Secretaria de Estado da Segurança Pública do Maranhão (SSP-MA) decidiu não afastar os policiais que participaram da morte do jovem Hamilton Cesar Lima Bandeira, de 23 anos, ocorrido na última sexta-feira (18) em Presidente Dutra, município a 347 km de São Luís.
O secretário Jefferson Portela afirmou que os agentes vão continuar trabalhando normalmente no município até a conclusão do inquérito policial. O secretário diz "que não há elementos que afirmem que Hamilton foi assassinado pelos PMs".
Hamilton Cesar foi morto por agentes da Polícia Civil após fazer uma postagem nas redes sociais desejando 'boa sorte' a Lázaro Barbosa, assassino procurado há 14 dias em Goiás. A família afirma que o jovem sofria de transtornos mentais e que a postagem, foi fruto do problema de saúde.
"Não há elemento para dizer isso, o que foi dito anteriormente. O assassinato tecnicamente isso não está demonstrado. Isso será demonstrado dentro do inquérito policial se houve ou não. Se houve, eles responderão dentro das normas legais. Se não houve, terão os permissíveis de lei para o ato que praticaram. Isto é definido dentro do inquérito policial, não há um juízo que mostre antecipadamente que eles cometeram crimes e que sejam afastados das suas atividades", disse Portela.
Na primeira versão, divulgada pela Polícia Civil em nota, a delegacia de Presidente Dutra diz que recebeu uma denúncia que Hamilton havia feito postagens com apologia à violência. Em uma delas, ele exaltou o criminoso Lázaro Barbosa, que está sendo procurado por policiais em Goiás e no Distrito Federal.
Os policiais teriam ido prender Hamilton devido as postagens que estimulavam a violência e por isso, não precisariam de uma ordem judicial de prisão. Hamilton teria tentado atacar os investigadores com uma faca.
O secretário também mudou a versão dita anteriormente pela Polícia Civil em relação as circunstâncias do crime. Segundo Jefferson Portela, os policiais foram ao local apenas entregar uma intimação a Hamilton.
Na primeira versão dada, em nota pela polícia, a corporação afirmou que o caso necessitava de uma prisão em flagrante, pelo delito de apologia ao crime.
"Eles se deslocaram para levar uma intimação e o policial que chegou e pediu para entrar com a intimação na mão, estava ali para deixar a intimação. Quando segundo as informações iniciais, que deverão ser formalizadas dentro do inquérito mas foram perguntadas sobre isto, é que após a tentativa de entrega da intimação, o cidadão teria saído correndo de dentro do quarto com uma faca. E os policiais que estavam de fora, efetuaram os disparos na perna e outro no estômago", afirmou Portela.
Família nega versão
A família de Hamilton Cesar nega que o jovem tenha ameaçado os policiais com uma faca. No momento da ação, ele estava sozinho com o avô, de 99 anos, que presenciou o crime e contou outra versão sobre o caso.
Segundo o idoso, os policiais chegaram na residência da família em busca de Hamilton. Após ele ter confirmado que o jovem estava em casa, os policiais entraram na casa e deram três disparos.
"Eles foram entrando aqui e eu vim de lá para cá e quando cheguei... [perguntou] 'O que é?' Ai eles disseram: tem alguém aqui? E eu disse 'tem, eu e meu filho'. E quando eu disse assim, o menino [Hamilton] pulou da cama e puxou essa cortina aqui. Apontou só o peito dele com a cabeça. Ai ele [policial civil] foi dizendo assim: 'é esse aqui mesmo' e atirou nele. E ele caiu bem aqui nos meus pés. Ele só fez dizer 'Oh, papai'", disse o idoso.
Exumação do corpo
O Ministério Público do Maranhão (MP-MA) vai pedir a exumação do corpo de Hamilton César. O corpo dele foi enterrado sem passar por necropsia no Instituto Médico Legal (IML), como é recomendado em casos de intervenção policial. Por isso, não há laudos sobre os disparos que atingiram o rapaz.
De acordo com o MP, dos três disparos foram feitos pelos policiais civis, dois deles atingiram o rapaz. Só o laudo pode dizer onde foram os tiros. Nesta terça-feira (22), somente quatro dias após a ação policial que vitimou o jovem, a polícia fez uma perícia na casa da família, em Presidente Dutra.
O MP informou que as investigações do caso vão ficar a cargo da Polícia Civil e que o órgão vai apenas sugerir procedimentos que acharem necessários.
Equipes do equipe do Departamento de Homicídios e da Superintendência Estadual de Combate à Corrupção foram enviadas ao local do crime para acompanhar o caso. A Comissão de Diretos Humanos e da Pessoa com Deficiência da OAB-MA também acompanha o caso.
Com informações de Alex Barbosa/G1 MA
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