quarta-feira, 30 de outubro de 2024

“Fizeram uma crueldade com meu marido", diz esposa grávida de homem espancado até a morte em Paço do Lumiar

Jerder Pereira teve um surto psicótico na madrugada de segunda (28). No entanto, moradores reagiram com agressões e o mataram, segundo familiares.

Familiares denunciam o caso envolvendo Jerder Pereira da Cruz, de 35 anos, que foi assassinado na madrugada de domingo (27) para segunda (28), no bairro Novo Horizonte, em Paço do Lumiar, Região Metropolitana de São Luís.

Jerder foi agredido por várias pessoas, segundo testemunhas, que alegam que ele estaria sendo violento e invadido uma igreja. Ele foi levado a um hospital, mas não resistiu.

Familiares de Jerder afirmam que ele estava em um surto psicótico e não merecia ser morto. A Polícia Militar também teria evitado atender o caso por se tratar de um 'surto' e, quando chegou, Jerder já estava muito machucado.

Jerder era um paciente diagnosticado com esquizofrenia, segundo familiares, mas há anos tomava remédios que o deixava controlado. Com isso, ele se tornou barbeiro, cuidava da companheira e teve dois filhos.

“Eu passei pelo primeiro surto, que fez ele ser internado e diagnosticado com esquizofrenia. Ele tomava os medicamentos, mas ficou quatro meses sem tomar a medicação porque dizia que já estava 100% bom. (...) Ele era um ótimo profissional, uma pessoa boa e sempre considerei meu marido, pai dos meus filhos, a pessoa que eu queria cuidar", disse Fabiana Louzeiro, de 34 anos, que mantinha uma união estável com Jerder, com dois filhos, e uma gravidez de cinco meses.

No entanto, na madrugada da última segunda-feira (28), Fabiana conta que Jerder teve um segundo surto psicótico ainda em casa que o deixou violento e com falas desconexas.

"Esse segundo surto foi muito forte e não consegui contê-lo. Ele saiu de casa tendo delírios, dizia que estava ouvindo vozes. Esse não era o comportamento normal dele. Ele deu uma tijolada na casa do vizinho e estava agressivo e não me escutava. Tive de ir atrás de um lugar para botar meus filhos porque estava preocupada comigo, para não que acontecesse nada com a gente, mas também estava preocupada com ele", relata.

Na mesma madrugada, Jerder foi visto quebrando objetos e agindo com agressividade com as pessoas. Por causa disso, ele foi perseguido por moradores, que o lincharam, segundo o registro da Polícia Militar.

O registro na PM aponta ainda que os moradores alegam que ele teria tentado roubar a igreja, mas acabou sendo detido. Um vídeo postado nas redes sociais mostra Jerder tentando fugir e entrando em uma igreja, onde deixou marcas de sangue.

Posteriormente, Jerder foi encontrado por Fabiana sem roupas, amarrado e com várias marcas de agressão. Fabiana diz que tentou chamar a polícia desde o início, mas não foi atendida.

"Fui informada que não era 'caso de polícia' e que eu deveria ligar para o SAMU ou os bombeiros. Mas eu estava precisando uma pessoa até para me resguardar. Eu queria que a polícia fosse atrás dele comigo pra gente pegar ele e esperar a ambulância", contou.

Após as agressões, Jerder foi levado para um hospital e preparado para passar por cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu. Agora, a mãe que espera um filho de Jerder pede por justiça.

"Quando eles [policiais] entregaram meu marido, eles já me entregaram ele todo cheio de hematomas e as pessoas tinham ido embora. A cara dele estava toda inchada, ele estava todo quebrado, todo sanguentado, sem dente. Deixaram meu marido sem dente. Fizeram uma crueldade com meu marido e, enquanto eu fui pedir ajuda, ninguém me ajudou. Eu quero justiça por tudo que está acontecendo com ele, tudo, dessa forma cruel. Não é justo o que fizeram com ele"

A Delegacia de Homicídios informou que ainda não está investigando o possível crime de linchamento porque o caso foi registrado na Delegacia de Polícia do Maiobão como 'morte a esclarecer'.

O g1 questionou a Secretaria de Segurança Pública do Maranhão (SSP-MA) sobre a suposta omissão da Polícia Militar em não atender a ocorrência quando foi chamada, como alega Fabiana. Por meio de nota, a SSP-MA informou que em casos de pacientes psiquiátricos, o atendimento do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar só será realizado após acionamento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), a quem compete o atendimento inicial.

Sobre as investigações do caso, a SSP-MA afirmou que a Polícia Civil está em fase de intimação e depoimento de testemunhas e familiares, para identificar a dinâmica do fato e que a polícia aguarda, ainda, o resultado do exame cadavérico para constatar a causa da morte.

Leia a nota na íntegra

A Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) informa que em situações envolvendo pacientes psiquiátricos, o protocolo institucional vigente estabelece que o atendimento do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar se dará somente após o acionamento feito pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), a quem compete o atendimento inicial. Essa regra garante uma abordagem segura, uma vez que o Samu possui profissionais treinados para situações médicas e psiquiátricas.

Quanto às investigações, esclarece que o caso é apurado, inicialmente, pela Delegacia de Polícia do Maiobão, que iniciou a fase de intimação e depoimento de testemunhas e familiares de Jerder Pereira da Cruz, com o propósito de identificar a dinâmica do fato. A PC aguarda, ainda, o resultado do exame cadavérico que deve apontar a causa da morte.

Com informações do g1 MA

7 comentários:

  1. Só um burro, um idiota que não conhece porra nenhuma, vem citar uma possível omissão da polícia militar em relação a este triste caso.

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  2. Selvagens esses matadores desse rapaz, cadeia pra esses torturadores e assassinos.

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  3. Vocês se lembram do caso do jardim São Cristóvão que amarram um rapaz negro no poste e bateram até matar...não teve nadinha com os envolvidos....acredito até que a justiça do Maranhão é omissa nessas questões de linchamento...tanto que os envolvidos até hoje nunca nem se quer foram procurados.

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  4. Na verdade esses populares a maioria é só bandidos infiltrados no meio da população...por que dizem que paço do Lumiar tá cheia de bandidos...nunca nem pisei nesse lugar.

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  5. A justiça ainda mais de Maranhão no máximo que eles possam fazer é dar as costas para o caso....MARANHÃO TERRA DA IMPUNIDADE.

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  6. Maranhão parece uma aldeia.

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  7. As polícias não tem treinamentos para lidar com pessoas com transtornos mentais,pra dar solução,eles preferem logo tirar a vida das pessoas...como foi o caso da polícia rodoviária Federal lá em João Pessoa,aquela cena maldita dos policiais matando um ser humano em público,um cidadão,aquilo manchou essa corporação pra muitos e muitos anos e os policiais ainda continuam nas ruas...são um perigo pra sociedade esses marginais usando a farda da PRF...com a tal da câmara de gás.

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