quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Empresário bolsonarista que assassinou gari já matou mulher no RJ e tem extensa ficha criminal

O empresário bolsonarista Renê da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos, suspeito de matar o gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos, foi acusado de um crime de homicídio culposo por matar uma mulher de 50 anos em um acidente de trânsito no Rio de Janeiro. O caso ocorreu em 2011, no Recreio dos Bandeirantes, um bairro nobre na Zona Oeste da capital carioca. Conforme o registro policial, o empresário dirigia em alta velocidade. A vítima chegou a ser socorrida mas não resistiu.

Além da morte da mulher no acidente de trânsito, Renê possui envolvimento em crimes de lesão corporal, extorsão e perseguição, todos ocorridos no Rio de Janeiro, estado onde ele nasceu. Conforme o documento, ele foi encaminhado ao juizado especial criminal por agredir uma mulher no município de Belford Roxo, no Rio de Janeiro. Os casos foram enviados ao Ministério Público (MPRJ), que ainda não se manifestou após questionamentos da reportagem.

Nesta quarta-feira (13), a Justiça decidiu por manter a prisão do empresário pela morte do gari Laudemir. Ele passou por audiência de custódia na manhã desta quarta-feira (13) na Central de Audiências de Custódia (CEAC), no bairro Lagoinha, na região Leste de Belo Horizonte. A pedido do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), a prisão em flagrante foi convertida em prisão preventiva, quando não há prazo para expirar.

Agora, o acusado deve ser transferido para um presídio comum do estado, já que aguardava a decisão no Centro de Remanejamento de Presos (Ceresp) da Gameleira. Renê Júnior é acusado de homicídio duplamente qualificado - motivo fútil e por recurso que impossibilitou a defesa da vítima - contra o gari e de ameaça contra a motorista do caminhão de coleta de lixo.

O crime

Na manhã de segunda-feira (11), por volta das 9h, no bairro Vista Alegre, região Oeste de Belo Horizonte, um caminhão de coleta de lixo estava parado quando um carro BYD cinza se aproximou na direção contrária. O motorista, identificado como Renê, teria sacado uma arma e ameaçado a condutora do caminhão, afirmando que “iria atirar na cara” dela.Em seguida, ele disparou contra Laudemir, que estava trabalhando na coleta. O gari foi atingido no tórax e encaminhado ao Hospital Santa Rita, em Contagem, mas não resistiu.

Após o crime, Renê fugiu. Foi localizado pela Polícia Militar no mesmo dia, enquanto se exercitava em uma academia de alto padrão no bairro Estoril. Segundo testemunhas, deixou o local do crime com “semblante de bravo” e sem demonstrar arrependimento.

A vítima

Descrito por familiares e colegas como trabalhador, pacífico e dedicado à família, Laudemir deixou esposa, uma filha de 15 anos e enteadas. Trabalhou por anos na Localix Serviços Ambientais e era querido no bairro.

No velório, realizado na terça-feira (12) na Igreja Quadrangular de Nova Contagem, a esposa, Liliane França, cobrou justiça: “O Lau não voltou. Me devolveram o Lau no caixão. Não pode ficar assim.” A mãe do gari passou mal durante a cerimônia e precisou ser levada ao hospital.

Ivanildo Gualberto Lopes, sócio-proprietário da Localix, afirmou que Laudemir tentava apaziguar a confusão no trânsito quando foi atingido. “Estamos clamando por justiça. A nossa categoria é muito forte. Então não mexa com os garis.”

A investigação

Segundo o delegado Evandro Radaelli, da Polícia Civil, a identificação do suspeito ocorreu a partir da placa do veículo e de testemunhas que o reconheceram pelo porte físico. Imagens de câmeras de segurança e laudos balísticos também integram o inquérito.

Renê não possuía porte de arma, segundo a investigação, e afirmou que o revólver usado no crime pertencia à sua esposa, a delegada Ana Paula Lamego Balbino. A Corregedoria da Polícia Civil investiga se houve falha na guarda da arma, uma pistola calibre .380 já recolhida para perícia.

A delegada, de acordo com a Polícia Civil, não sabia que o marido era suspeito de assassinato até o momento da prisão dele.

O caso segue sob investigação, com inquérito aberto para apurar todas as circunstâncias do crime e possíveis responsabilidades adicionais.

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