sábado, 1 de novembro de 2008

LULA COBRA DE MINISTROS DO PMDB AÇÃO PRÓ-TIÃO VIANA


Lula põe ministros no jogo, para 'lembrar' ao PMDB que a via tem duas mãos

Incomodado com os arroubos de independência do PMDB do Senado, Lula decidiu abandonar a sutileza. Convocou para uma reunião os ministros que representam o PMDB na Esplanada. Deseja vê-los de mangas arregaçadas por Tião Viana (PT-AC).

Ao chamar os ministros às falas, Lula lembra aos senadores peemedebistas algo que fingem esquecer: a coalizão partidária é via de mão dupla.Lula marcara a mini-reunião ministerial para a última segunda-feira (27). Com a agenda apinhada de viagens, foi forçado a adiar a conversa para a próxima semana.

Na terça (28), de passagem por Salvador (BA), o presidente avistou-se com um dos seis ministros do PMDB: Geddel Vieira Lima (Integração Nacional). Lula antecipou a Geddel qual será o tema da reunião: quer resolver o impasse criado pelo PMDB no Senado.

Não se conforma com as pedras lançadas pelos “aliados” no caminho da candidatura do petista Tião Viana, o seu preferido na briga pela presidência do Senado. Antes mesmo de reunir-se com o presidente, Geddel prega a conciliação. O ministro declarou ao blog o seguinte:

“O PT teve um gesto importante nesta semana. Reafirmou o acordo para a eleição de Michel Temer, do PMDB, na Câmara. Não vinculou esse entendimento ao Senado...”

“...Agora, manda o bom senso que o PMDB caminhe em direção a um acordo com o PT no Senado. Num ambiente de parceria, não há espaço para hegemonia no Congresso.”

Além de Geddel, o PMDB plantou mais cinco ministros na equipe de Lula: Nelson Jobim (Defesa), José Gomes Temporão (Saúde), Reinhold Stephanes (Agricultura), Hélio Costa (Comunicações) e Edison Lobão (Minas e Energia). Dois deles, Costa e Lobão, foram ao primeiro escalão por indicação dos grupos dos senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e José Sarney (PMDB-AP).

Curiosamente, em vez de perfilar no bloco da concórdia, Costa e Lobão freqüentam o noticiário no pólo da discórdia. Contra Tião Viana, a quem não suporta, Renan articula com o DEM e com um pedaço do PSDB a candidatura de Sarney. E apresenta Costa e Lobão como “alternativas”.

Ao incluir o par de “alternativas” na reunião de ministros que fará nos próximos dias Lula estica uma corda que já anda mais espichada do que ele gostaria. É como se dissesse aos ministros: ou estão comigo ou estão contra mim. E gol contra não é algo que combine com jogadores que pretendam permanecer no time.

O envolvimento de Lula na refrega do Senado tornou-se caminho sem volta. Qualquer solução que não passe pelo êxito de Tião Viana vai às manchetes como uma derrota presidencial. Há três semanas, em jantar com a cúpula do PMDB –Sarney e Renan inclusive—o presidente endossara o apoio do PT a Michel Temer na Câmara.

E rogara por Tião Viana no Senado. Ali, ao redor da mesa, Sarney repetira que não tinha interesse na disputa. E Renan, em resposta a uma provocação de Lula, jurara que não tinha diferenças a acertar com Tião Viana. Nos dias subseqüentes, Renan e Sarney puseram-se a conspirar contra Tião e o petismo.

Escoram-se no argumento de que, dono da maior bancada, o PMDB tem direito ao comando do Senado.

Para o Planalto, Renan e Sarney portam-se como jogadores que levam fichas à mesa. Cacifam-se não para a disputa do Senado, mas para outras demandas.

Renan tenta ressurgir das cinzas de um escândalo que pôs em risco o seu mandato. Mira a liderança do governo ou do PMDB no Senado.

Sarney quer ver a cabeça do ministro petista da Justiça, Tarso Genro, na bandeja. Levou-o à caderneta depois que a Polícia Federal indiciou um de seus filhos.

Fernando Sarney, o homem de negócios da família, é acusado pela PF de traficar influência nas franjas de repartições geridas por apadrinhados do pai.

Lula vai ao pano verde do Senado com a cara de quem está disposto a pagar pra ver. Uma derrota, a essa altura, seria sinônimo de fiasco.

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