O
ex-deputado estadual Paulo Frateschi (PT-SP), 75 anos, foi morto a facadas pelo
próprio filho, Francisco Frateschi, durante um desentendimento familiar
ocorrido nesta quinta-feira em São Paulo. A informação foi confirmada pelo
GLOBO por uma pessoa próxima da família e lideranças do PT na Assembleia
Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp).
O
ex-parlamentar foi atingido por facadas, na cabeça e braços, e foi socorrido e
levado ao Hospital das Clínicas. A mulher de Frateschi, Yolanda Maux Viana,
também ficou ferida ao tentar intervir na briga — ela sofreu uma fratura no
braço e foi atendida em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Lapa.
Testemunhas
relataram que o conflito ocorreu dentro da residência da família, na zona oeste
da capital. Ainda não há detalhes sobre o que teria motivado o desentendimento.
O filho foi preso.
Ex-presidente
estadual do PT e amigo pessoal de Luiz Inácio Lula da Silva, Paulo Frateschi já
havia enfrentado duas tragédias familiares. Em 2002, perdeu o filho Pedro, de 7
anos, em um acidente na rodovia Carvalho Pinto, em Guararema (SP). Um ano
depois, em 2003, o filho Júlio, de 16 anos, também morreu em um acidente de
carro na rodovia Rio-Santos, entre Paraty e Angra dos Reis. O velório do jovem
contou com a presença de Lula, ministros e lideranças do PT, em um gesto de
solidariedade ao então dirigente petista.
De
acordo com informações da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, a
agressão teria ocorrido em um episódio de surto. Frateschi teve parada
cardiorrespiratória e foi encaminhado ao Hospital das Clínicas da USP. O local
passa por perícia e a ocorrência está sendo registrada no 91º DP.
Quem
foi Paulo Frateschi
Ex-deputado
estadual e um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT), Paulo Frateschi
teve trajetória marcada pela militância política. Integrou Ação Libertadora
Nacional (ALN), organização de luta armada contra a ditadura militar, o que
levou à sua prisão em 1969. Detido e torturado por seis meses, sua libertação
tornou-se um símbolo da resistência ao regime.
Frateschi
foi presidente estadual do PT paulista durante a ascensão do partido à
presidência da República e ocupou o cargo de secretário de Relações
Governamentais na gestão do prefeito Fernando Haddad, em 2014. Era professor
por formação.
Nos
anos mais recentes, mobilizou caravanas em favor da candidatura do presidente
Lula. Em março de 2018, ao transitar com ele por Chapecó (SC), foi atingido por
uma pedrada desferida por agressores contra o então candidato. O petista seria
impedido de ir às urnas e cederia lugar a Haddad naquela campanha, vencida por
Jair Bolsonaro (PL).
No
ano seguinte, ao comentar a prisão de Lula, de quem era amigo pessoal,
classificou o caso como “perseguição política”, comparando-o à repressão vivida
nos Anos de Chumbo.
Tragédia
repercute no meio político
"É
com profunda tristeza que comunicamos o falecimento do ex-presidente do PT
Paulista e ex-deputado estadual Paulo Frateschi, companheiro e dedicado
militante do nosso partido", afirma nota divulgada pelo PT. "Durante
toda a sua trajetória, nosso companheiro demonstrou coragem, integridade e
compromisso com o PT e pela busca de um país mais justo".
Segundo
o partido, o militante deixa "legado marcado pela luta pela justiça e pela
inclusão" e uma "lacuna irreparável entre amigos, familiares,
companheiras e companheiros de luta".
Parlamentares
do PT também lamentaram a morte nas redes sociais. "Um militante leal,
íntegro e comprometido com a construção de um país mais justo e
democrático", escreveu Rui Falcão, deputado federal paulista e
ex-presidente nacional do partido. "Torturado pela ditadura , não recuou.
No PT Estadual, fomos da mesma Executiva. E assim viramos amigos. Meu profundo
pesar e solidariedade a todos os familiares", afirmou o colega Arlindo
Chinaglia.
"Companheiro
querido, homem fraterno e referência de compromisso público e político no
Brasil", definiu o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), de quem
Frateschi foi secretário na prefeitura de São Paulo. "Foi defensor
incansável da democracia, com coragem e determinação".
O
deputado estadual paulista Emídio de Souza, um dos fundadores do PT, disse
estar "devastado pela notícia" e disse que "Paulão" foi um
"militante exemplar, sempre somando na luta por justiça". Jaques
Wagner, senador pela Bahia e ex-ministro, disse que Frateschi foi um
"quadro histórico" do PT e "será sempre um exemplo de alguém que
jamais abriu mão do compromisso de lutar por um Brasil melhor e mais justo para
todos nós".
Fonte: O Globo
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