Fábio Pozzebom/ABr
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), decidiu trocar todos os diretores do Senado.
Pediu ao primeiro-secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI), que entre em contato com os gestores do Senado.
Serão instados a entregar os respectivos cargos. Há no Senado 131 direitores. Começarão a ser substituídos imediatamente.
Nesta quarta (18), depois de uma reunião com os senadores que integram a Mesa diretora do Senado, Sarney anunciará um lote de providências saneadoras.
Decidiu, por exemplo, encomendar ao TCU uma análise de todos os contratos de fornecimento de mão de obra terceirizada do Senado.
Deve encomendar à FGV (Fundação Getúlio Vargas) uma avaliação dos métodos de gestão do Senado.
Sarney se move sob o assédio de uma onda de denúncias. Começaram depois que ele virou presidente, em 2 de fevereiro. E não pararam mais. Vieram à luz, por exemplo:
1. A mansão não declarada de R$ 5 milhões do diretor-geral Agaciel Maia, já afastado;
2. A existência de 36 servidores fantasmas no setor de comunicação do Senado;
3. O uso irregular de apartamento funcional pelo filho de diretor do Senado;
4. O pagamento de R$ 6,2 milhões em horas extras em pleno recesso parlanmentar;
5. A burla à proibição do nepotismo. Parentes de senadores e funcionários do Senado foram contratados por meio de empresas provedoras de mão-de-obra terceirizada.
6. A suspeita de que Roseana Sarney (PMDB-MA) usou passagens aéreas pagas pelo Sendo para trazer amigos e parentes a Brasília. Alguns deles hospedaram-se na residência oficial da presidência do Senado.
A saraivada de denúncias envenou a sessão plenária desta terça (17). Derrotado por Sarney na disputa pela presidência do Senado, Tião Viana (PT-AC) foi ao microfone.
Repeliu as insinuações, encontradiças nos corredores do Senado, de que estaria por trás das acusações que sacodem a administração do Senado.
“Meia dúzia de fofoqueiros estão fazendo insinuações com o meu nome. Não mostram a identidade, o DNA, o rosto. Plantam notinhas nos jornais...”
“...Como homem da Amazônia, aprendi a não ter medo de medo de onças. Também não temo os patifes e os canalhas”.
O líder tucano Arthur Virgílio (PSDB-AM) disse que Tião não deveria se preocupar com as insinuações. “Mazelas não devem ser jogadas pra baixo do tapete...”
“...Se souber de alguma irregularidade, vou denunciar. Não estou aqui pra isso. Eu me elegi senador, quero trabalhar. Isso aqui não é um clube...”
“...Estou de saco cheio desse clima de inércia e desmoralização a que está submetido o senado nesse momento...
“Não estou aqui para decidir se a próxima festa do Havaí será de sarongue ou de sunga. Quero trabalhar. Precisamos cuidar da crise”.
Wellington Salgado (PMDB-MG), membro destado da guarda pretoriana de Renan Calheiros (PMDB_AL), saiu em defesa de Sarney.
Disse que “o presidente tem agido prontamente, tomou atitudes imediatas sempre que surgiram denúncias”.
Criticou a imprensa. Disse que os repórteres denunciam o Senado, mas se esquivam de informar sobre as mazelas do Poder Judiciário.
“Denúncias verdadeiras, tudo bem. Mas precisamos ter mecanismos para processar judicialmente aqueles que fazem denúncias mentirosas”.
Salgado não especificou quais seriam as falsidades que enxerga as manchetes que trovejam notícias azedas sobre o Sendo.
Em meio ao lufalufa, o vice-presidente do Senado, Marconi Perillo (PSDB-GO), que presidia a sessão, informou aos colegas acerca da decisão de Sarney.
Declarou que o presidente acabara de determinar que os diretores da Casa pedissem exoneração.
O líder ‘demo’ José Agripino Maia (DEM-RN) saldou a decisão: “A decisão chega em boa hora...”
“...O presidente Sarney vai recomeçar. Com a competência que tem, estou certo de que vai pôr ordem na Casa, para que essa onda de denuncismo não salpique as pessoas que não têm contas ajustar”.
Escrito por Josias de Souza às 18h34
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A folha online também destaca as medidas adotas pelo presidente do Senado para tentar barrar a onda de denúncias que tomaram conta do Senado. Confira.
Após denúncia, Sarney pede que diretores do Senado coloquem cargos à disposição
da Folha Online, em Brasília
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), pediu hoje que os 131 diretores da Casa Legislativa coloquem os cargos à disposição depois da série de denúncias que atingiram a instituição. Sarney pediu ao primeiro-secretário do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI), para comunicar os diretores da instituição sobre a sua decisão.
Oficialmente, assessores de Sarney afirmam que a medida pretende facilitar mudanças administrativas que serão anunciadas pelo parlamentar para o Senado. Sarney já enviou e-mails para servidores da Casa prevenindo sobre alterações na estrutura do Senado que estariam sendo elaboradas por técnicos da instituição.
Nos bastidores, porém, o afastamento dos diretores está vinculado à onda de denúncias que atingem o Senado desde que Sarney assumiu o cargo, no início de fevereiro. Nesse período, dois diretores da Casa pediram exoneração após denúncias de envolvimento em irregularidades. Há duas semanas, Agaciel Maia, então diretor-geral do Senado, deixou o cargo após a Folha revelar que ele não registrou em cartório uma casa avaliada em R$ 5 milhões.
Na semana passada, o diretor de Recursos Humanos do Senado, José Carlos Zoghbi, pediu exoneração depois de ser acusado de ceder um apartamento funcional para parentes que não trabalhavam no Congresso.
Reportagem da Folha também mostrou que mais de 3.000 funcionários da Casa receberam horas extras durante o recesso parlamentar de janeiro. O Ministério Público Federal cobrou hoje explicações de Sarney sobre o pagamento das horas extras trabalhadas no recesso.
Ontem, a senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), filha do presidente da Casa, foi acusada de usar passagens aéreas do Senado para transportar amigos e parentes do Maranhão para Brasília. O grupo teria se hospedado na residência oficial do Senado, embora o parlamentar não esteja ocupando o local desde que assumiu a presidência.
Reportagem do jornal "O Globo" também mostrou que familiares de servidores da Casa estariam empregados em empresas que prestam serviços terceirizados ao Legislativo. Pelo menos três diretores da Casa e duas empresas estariam envolvidos no esquema. Uma das empresas, a Aval, tem como responsável José Carvalho de Araújo --empresário que foi preso pela Polícia Federal na Operação Mão-de-Obra, acusado de fraudes em licitações do Senado.
Segundo a reportagem, estima-se que 90% dos servidores que trabalham em empresas terceirizadas do Senado têm parentesco com funcionários do Senado.
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