sexta-feira, 20 de março de 2009

SARNEY CRIOU 70% DAS 181 DIRETORIAS

O Estado de São Paulo - 19/03/09

Agora favorável ao corte, presidente do Senado comandava a Casa quando a maioria dos cargos foi instituída

Rosa Costa/Brasília

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), encabeça os atos que criaram pelo menos 70% dos 181 cargos de direção da Casa que ele diz, agora, querer diminuir. A proliferação das diretorias e seus anexos com salários elevados se deu, sobretudo, entre 2003 e 2005, quando o parlamentar comandou a instituição pela segunda vez.

Sarney multiplicou, por exemplo, a gestão da então Secretaria de Comunicação, quando seu nome foi trocado para Secretaria Especial de Comunicação Social. Hoje o órgão comporta 20 cargos de direção.

A pulverização dos cargos chegou ao ponto de criar uma coordenação do Jornal Semanal, coletânea de notícias divulgada na segunda-feira, repetindo reportagens sobre atividades dos parlamentares divulgadas ao longo da semana e outras tidas como especiais.

Sarney foi ainda pródigo na transformação de várias outras subsecretarias em secretarias. É o caso das secretarias de Biblioteca, Telecomunicações, Comissões, Especial de Informática do Prodasen, Finanças, Orçamento e Contabilidade, Segurança Legislativa e outras. Cada uma delas municiada com subsecretarias e outros cargos anexos - todos considerados de direção.

Na transformação da Subsecretaria de Pesquisa e Opinião Pública para secretaria, por exemplo, as seis funções comissionadas foram transformadas em "funções comissionadas de Secretários de Coordenação e Execução", nível FC-8, elevando seus ocupantes à categoria de "diretores adjuntos".

Segundo a assessoria de Sarney, a proliferação de cargos na época se justificava. A área administrativa do Senado apresentava pacote de demandas de cargos, o que era referendado pelos senadores da comissão diretora da Casa. De acordo com a assessoria, "eram vistos como meros atos burocráticos".

Ex-presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) encabeça ato de 2006 que modificou a estrutura da Secretaria-Geral da Mesa, abrindo várias subsecretarias, entre elas a Subsecretaria de Revisão Taquigráfica do Plenário.

O atual ministro das Minas Energia, Edison Lobão (PMDB), deixou igualmente suas marcas nos três meses em que ocupou a presidência do Senado, quando da renúncia do então titular Jader Barbalho (PMDB-PA), em 20 de julho de 2001. Lobão entregou o cargo ao senador Ramez Tebet, dia 21 de setembro. Mas antes ele transformou a subscretaria de Recursos Humanos em Secretaria de Recursos Humanos e com isso promoveu João Carlos Zoghbi, marido da sua chefe de gabinete, Denise Zoghbi.

João Carlos Zoghbi deixou a secretaria na semana passada porque não deu explicações razoáveis para justificar o empréstimo de um apartamento funcional a seu filho.

3 comentários:

  1. É Gilberto, porque será que naquela época, antes de criar mais de 126 diretorias no senado, o senador Sarney, não chamou a FGV para reestruturar a administração da casa?

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  2. Meu caro Tainha,

    Ele não tinha interesse em moralizar porque os escândalos não vinha à tona. Hoje, mais vigiado que nunca, Sarney tenta criar um factóide de moralidade. Na verdade, quando cessar a vigilância a bandalheira vai continuar. Contratar a FGV foi uma saída para mostrar que ele prima pela moralidade na vida pública. Quem acredita?

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  3. Gilberto Lima,
    Não peque por erro. Na lista dos 50, quase todos são não-concursados. Entretanto, todos são efetivos (obra e graça dos trens de alegria promovidos por Sarney para abrigar aliados na administração em posições de poder). Um deles, inclusive, exonerado hoje, na mesma data foi indicado para presidir - pasme - a comissão encarregada de examinar contratos terceirizados. Imagine o desfecho.

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