sábado, 18 de abril de 2009

A falta que fez a Rádio Timbira

Lembro-me do recado dado pelo agora ex-governador Jackson Lago, quando me demitiu da direção da Timbira: “Vou tirar a rádio do ar porque ela não está ajudando meu governo”, disse-me. Quanta ingratidão! Mesmo com todas as dificuldades causadas pelo arrogante e prepotente ex-secretário de comunicação, a emissora estava presente em todos os eventos do governo. Equipes de reportagem chegaram a fazer a cobertura de ‘mutirões da cidadania’ até no interior do Estado, viajando sem diárias da Secom.

Metíamos a mão no bolso para mostrar ao governo a viabilidade da emissora. Muitos profissionais estavam ali porque acreditavam no ressurgimento da rádio. A maioria não chegou nem a ser nomeada, pois quem mandava mais que o governador era o mandatário da Secom. Ele não os nomeava por birra, pois foram criados 21 cargos, na estrutura da secretária, para a Timbira. Estava chateado porque teve seu principal projeto frustrado: contratar uma empresa de comunicação para fazer a gestão da emissora oficial do Estado. Queria privatizar a emissora oficial do Estado. O que havia por trás desse projeto? Disse-lhe que o governo teria que mostrar competência para cuidar da coisa pública. Fui contra e passei a sofrer retaliações.

Os programas, mesmo sem um som de qualidade, apresentavam grandes índices de audiência e de participação popular. Em pouco tempo, com a instalação do novo transmissor, íamos ‘bombar’ na audiência. Era um sonho que estava prestes a se tornar realidade. Mas Jackson preferiu-me ‘bombar’, antes da concretização dos projetos. Mais uma vez, foi na onda de auxiliares incompetentes e desonestos. Vi que não tinha espaço no governo para idealistas, visionários, construtores de uma nova realidade.

Eufórico com o trabalho de resgate da emissora, cheguei a destacar essa importante ação do governo no Congresso da ARPUB-Associação das Rádios Públicas do Brasil, no Rio de Janeiro. Foram muitos os elogios ao governo por tal iniciativa. Pouco tempo depois, viria a frustração.

Vivi, durante doze meses, debruçado sobre projetos para tirar a emissora do ostracismo, do fundo do poço. Além de gestor, apresentava o programa de maior audiência, o “Comando da Manhã”, com grande participação de ouvintes por telefone. Diariamente, nossos repórteres se desdobravam para fazer a cobertura do governo. Por diversas vezes, o próprio governador concedeu entrevistas. Por inúmeras vezes, secretários foram entrevistados ao vivo em nossos programas jornalísticos, divulgando as ações de governo à população. A emissora cumpria o seu papel de informar e formar opinião, ao tempo em que abria espaço para diversos programas do próprio governo. Como a emissora não dava retorno?

Por ironia do destino, no momento em que o governo mais precisou de um veículo de comunicação, eis que a emissora oficial do Estado estava fora de operação. Há quase dois meses um problema no novo transmissor, adquirido na minha gestão, levou a emissora a silenciar. Foram os sucessivos erros na pasta da comunicação que levaram a essa situação.

Se o governador tivesse me ouvido e me apoiado no momento e que apresentei a ele todos os projetos da emissora, teria deixado sua marca na radiodifusão do Maranhão, reinaugurando a rádio oficial do Estado. Deixa essa marca em parte, pois, depois de muitos embates com o secretário de comunicação, o governador resolveu autorizar a compra de novos equipamentos. Deixei dois estúdios novos montados e um transmissor comprado, prestes a ser instalado. Mesmo com todo esse esforço – meu e de uma equipe abnegada – auxiliares do governador jamais permitiram que ele fizesse uma visita ao prédio para verificar o trabalho que realizávamos. Fez pouco caso e a emissora terminou voltando ao ostracismo.

No último discurso no palácio dos Leões, Jackson foi ouvido em todo o Maranhão pelas ondas da Mirante AM, emissora pertencente ao sistema que ele sempre criticou. Será que a Timbira não fez falta ao governo nessa hora?

Espero, sinceramente, que o governo Roseana perceba a importância do resgate da Rádio Timbira para a radiodifusão do Maranhão e retome os projetos de reestruturação da emissora. Acredito que isso deva acontecer, pois ela tem ao seu lado, como vice, João Alberto. Foi ele quem deu um grande impulso à Timbira quando foi governador do Estado por apenas onze meses. Sem esquecermos também que foi Roseana a responsável pelo fim da Timbira como empresa pública, em 1995. Um duro golpe na emissora oficial do Estado.

Acredito que a emissora ainda possa voltar aos seus melhores dias, mesmo com a governadora contando com o apoio dos veículos de comunicação de sua família.

A Timbira merece tratamento especial, pois é patrimônio do povo do Maranhão.

Boa sorte, velha Timbira!


Gilberto Lima

4 comentários:

  1. e me nobre gilberto deus há de te abencoar voce foi muito espisinhado pode ter certeza um homen leal e nunca deixou de ser racional e critico.


    espero que de alguma forma você volte a estar no rádio am


    um abraco

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  2. Gilberro. Mete e rasga. Os caras te sacanearam, Jackson mandou te prender e tu ainda ta nessa. Saiiiiiiiiiiii

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  3. João (Rádio Timbira)19 de abril de 2009 às 13:47

    Meu amigo Gilberto nestes dois últimos dias fiquei me lembrando de você quando da resistência na rádio timbira onde você se aquartelou, lembre-se meu amigo do apoio vindo de pessoas humildes assim como eu, hoje faço uma reflexão e digo-te meu amigo, voçê deve se orgulhar pelo trabalho feito frente a radio timbira sou testemunha disso, quando vi o Dr. Jackson naquela situação sem o apoio da população penso que talvez ele tenha em algum momento lembrado do grande ato de covardia feito ao aliado e amigo, no caso você!
    Olhando a cena do governador acuado e sozinho, me perguntava cadê os aliados do jackson? aqueles que se diziam fiéis escudeiros do governo! sumiram........
    Espero que você volte logo para o am, você faz falta garoto.
    Do seu AMIGO, João.

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  4. Não é verdade que apenas a Rádio Mirante transmitiu o discurso de Jackson. Eu o ouvi pela Educadora e pela rádio São Luis. Talvez você se traiu pela força do hábito.

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