Com decisão, partido reforça apoio a permanência do peemedebista na presidência do Senado
Eugênia Lopes e Christiane Samarco
O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - O PT reforçou nesta terça-feira, 4, o apoio para a permanência de José Sarney (PMDB-AP) na presidência da Casa ao manter a posição pela licença temporária e não aceitar um convite de outros quatro partidos (DEM, PSDB, PDT e PSB) para pedir a renúncia do senador ao cargo.
A decisão do PT acabou fortalecendo Sarney e deixando isolados os senadores que defendiam a renúncia - ao final do dia, todos os partidos optaram por manter apenas o pedido de afastamento de Sarney.
Se o PT tivesse concordado com a renúncia, os demais partidos fariam o mesmo, tornando inviável a permanência de Sarney no comando do Senado. Em um plenário de 81 senadores, os cinco partidos juntos somam 46 votos - 14 do DEM, 13 do PSDB, 12 do PT, cinco do PDT e dois do PSB.
Em uma demonstração clara de que sua renúncia ficou mais longe, Sarney fez questão ontem de presidir a sessão do Senado por mais de duas horas e depois desfilou com desenvoltura pelo plenário do Senado cumprimentando aliados e até "inimigos", como os tucanos e os democratas.
Inicialmente, os cinco partidos haviam cogitado fazer uma nota conjunta pedindo o afastamento de Sarney da presidência do Senado, mas acabaram desistindo, reforçando a permanência do peemedebista no comando da Casa.
"Ato de grandeza"
A terça-feira começou com os partidos de oposição tentando articular uma reação à tropa de choque do PMDB para que fosse elaborado documento favorável à renúncia do comando do Senado por Sarney.
Numa reunião a portas fechadas, o líder do DEM, José Agripino Maia (RN), e o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), afirmaram que a ideia era evoluir da posição de licença/afastamento para a renúncia de Sarney. O líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), descartou imediatamente essa possibilidade.
"O mandato que tenho da bancada é com o pedido de licença temporária como ato de grandeza de Sarney. Não tenho mais nada além disso", afirmou Mercadante, segundo participantes do encontro.
Para evitar acirrar os ânimos com o Palácio do Planalto, Mercadante desmarcou reunião da bancada para se posicionar sobre a crise no Senado e a permanência de Sarney no cargo. Ele alegou que a posição da bancada de 12 senadores permanecia a mesma da semana passada e, por isso, não era necessária uma nova reunião.
Há dez dias, Mercadante foi enquadrado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que mandou desautorizar sua nota defendendo a licença de Sarney da presidência do Senado.
Diante da posição petista, o líder Agripino Maia foi reunir-se com a sua bancada que decidiu também defender apenas o afastamento de Sarney e não mais a renúncia. Apesar de Agripino defender a renúncia, a tese do afastamento temporário de Sarney do cargo foi a vitoriosa dentro da bancada. Os
Os democratas também recuaram da decisão de entrar com representação no Conselho de Ética contra Sarney - eles vão apoiar algumas das denúncias que já estão no Conselho.
"Defender algo cuja solução está com o acusado tem efeito espuma", justificou Agripino. A renúncia depende apenas de um gesto unilateral do senador Sarney. Já o afastamento poderá ser votado no Conselho de Ética do Senado. Sarney tem, no entanto, maioria folgada no Conselho - são dez votos a seu favor contra apenas cinco.
Os tucanos também amenizaram o discurso. "A posição que tomamos foi a de pedir o afastamento do Sarney por dois meses", disse Sérgio Guerra. "Nunca pedimos sua renúncia. Isso é coisa do DEM", ironizou o presidente do PSDB.
O PDT e o PSB também foram pelo mesmo caminho, refutando o pedido de renúncia de Sarney. "Concordamos com o pedido de licença do presidente Sarney. Se a gente pedir a renúncia, nós vamos estar pré-julgando", argumentou o líder do PDT no Senado, Osmar Dias (PR).
Nenhum comentário:
Postar um comentário