sexta-feira, 21 de agosto de 2009

A Rádio Timbira volta ao ar; vale relembrar a luta para resgatá-la

Sinto-me feliz com o retorno da Rádio Timbira ao ar. Foi graças ao nosso trabalho de resistência que ela se tornou realidade, saindo do ostracismo em que se encontrava. Quando a assumi, em maio de 2007, estava relegada a cubículos no prédio da Ceasa, com equipamentos sucateados e fora de operação. Mesmo contra aqueles que usavam a emissora em benefício próprio, tirei-a daquela estrutura de indigência e a levei para seu antigo prédio na Rua do Correio, no Bairro de Fátima. Ali, imediatamente, com o apoio da Secretaria de Infraestrutura, iniciamos uma ampla reforma no prédio. Além disso, lutava para que os novos equipamentos fossem comprados, mesmo contra a vontade do Secretário de Comunicação.

Na verdade, o tal secretário não queria o resgate da emissora. Queria entregar a gestão a uma empresa privada. Fui contra, e passei a sofrer retaliações de toda ordem. Com muito esforço, consegui fazer com que criassem 21 cargos em comissão para atender a necessidade da rádio. Somente 7 foram preenchidos por quem realmente trabalhava. Os demais foram usados a bel-prazer do secretário. Muitos profissionais trabalhavam sonhando com as nomeações que nunca foram efetivadas. Lesados, alguns deles recorreram à Justiça Trabalhista, ficando o imbróglio a ser resolvido pelo atual governo. Somente depois de muita pressão, com o apoio de alguns secretários de governo, é que os equipamentos foram adquiridos, mesmo contra a vontade do então todo-poderoso da Secom.

Infelizmente, o principal projeto – o de transformar a emissora em empresa pública de comunicação – não se concretizou, pois não era de interesse de alguns manda-chuvas do governo. Mesmo com o aval do governador, o projeto não foi encaminhado à Assembléia para aprovação. A Procuradoria Geral ainda chegou a dar parecer favorável, mas o tal projeto desapareceu. Essa medida se fazia necessária para moralizar a administração da emissora que, ao longo dos anos, desde a sua extinção em 1995 (como empresa pública), passara a ser usada indevidamente por aproveitadores de plantão. Muitos faturavam em nome da emissora, mas os recursos não eram destinados à mesma. Tinham outra destinação.

Mesmo com dificuldades para comandar a contento a emissora, sinto-me feliz em ter dado oportunidade para a revelação de novos talentos para o rádio do Maranhão. Graças ao empenho de todos, mesmo sem um novo transmissor instalado, a Timbira já apresentava altos índices de audiência e credibilidade. Muitos ouvintes tinham a oportunidade de acompanhar os programas ao vivo, pois concebemos um novo modelo de estúdio: o estúdio-auditório, com platéia.


O programa “Comando da Manhã”, apresentado por mim era uma das grandes audiências da emissora, com intensa participação popular. O mesmo acontecia com o “Comando da Noite”, apresentado por Marden Ramalho, que teve a oportunidade de se firmar como âncora de programas de jornalismo. Outros nomes foram revelados na minha gestão, como Joelson Braga, Saulo Duailibe e Eduardo Neto. Serei sempre grato a todos os abnegados que conviveram conosco e acreditaram que uma nova Timbira era possível.

O que mais doeu em toda essa luta, foi ter sido desconsiderado por um governo que prometia revolucionar. Mandar a polícia lacrar a emissora foi um atentado sem precedentes. Se tivesse apoiado o projeto de resgate pleno da emissora oficial, teria marcado seu nome na radiodifusão do Maranhão. Deixou-se levar por assessores incompetentes e irresponsáveis que tinham como único objetivo usar a máquina pública para enriquecer ilicitamente. Pagou um preço alto por tantos desatinos, dentre eles não reconhecer a importância da Timbira para o rádio maranhense.

No momento atual, a emissora retorna sem autonomia administrativa e financeira. Continua como apêndice da Secretaria de Comunicação. Espero que outros aproveitadores, donos de empresas de comunicação e publicidade, não venham a fazer uso indevido da emissora, embolsando recursos que deveriam ser destinados à mesma. Com autonomia, tudo seria feito com transparência, pois a sociedade tomaria conhecimento do que estava sendo destinado pelo governo para a emissora. Em suma, espero que aqueles que aqueles que estão no comando assumam o compromisso de fortalecê-la cada vez mais.

As fotos postadas mostram os estúdios que conseguimos montar na sede da emissora na Rua do Correio no Bairro de Fátima. Vê-se também o novo transmissor da marca continental, ainda embalado. Destaco aqueles profissionais que estiveram na luta para promover o resgate da emissora oficial do Estado. Muitos outros, que não aparecem nas fotografias, foram importantes nesse processo.

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