terça-feira, 15 de setembro de 2009

PROFESSOR ACUSADO DE PEDOFILIA É PRESO DURANTE A CPI

Cláudio Brito
Agencia Assembleia

O professor de matemática e radialista João Batista Alves Silva, 60 anos, foi preso hoje (terça-feira, 15) a mando do presidente e do vice-presidente da CPI da Pedofilia do Congresso Nacional, senadores Magno Malta (PR-ES) e José Nery (PSL-PA). João Batista é acusado de estuprar meninas de 14 anos e 12 anos.

A prisão aconteceu às 18h30, depois que Malta leu o mandado de prisão preventiva, decretada pelo juiz, Reginaldo de Jesus Cordeiro Filho, da Comarca do município de Viana. Logo em seguida, João Batista foi conduzido ao plantão Central da Beira-Mar.

No depoimento aos senadores da CPI, a mãe das meninas, Maria Antonia Mendes, confessou que viveu, em Viana, durante oito anos com o professor João Batista. Neste período, as duas tinham apenas cinco e três anos de idade, respectivamente.

Maria Mendes disse que só soube do estupro das meninas no dia 18 de julho deste ano, por meio de uma pessoa que seguiu o professor até o Motel Savana, no município de Viana. As vítimas eram levadas na moto do acusado.

A mesma versão de Maria foi confirmada pelas meninas que, a pedido da presidência da CPI, depuserem encapuzadas. Ambas garantem que foram estupradas no Motel Savana, depois que o professor as presenteou com dinheiro, celular e até absorventes higiênicos.

Segundo as meninas, o assédio do professor sempre acontecia depois de convites, com a aceitação da mãe, para ir à pizzaria. “Queremos apenas que seja feita justiça e o professor seja preso para pagar o que fez conosco”, afirmaram.

CIÚME E ARMAÇÃO

No depoimento do professor João Batista, que causou náuseas e indignação, o professor alegou que estava sendo vítima de uma grande armação, supostamente motivada por ciúmes do atual marido de Maria Mendes e pelo prefeito de Viana.

O professor confirmou o que disseram as meninas: que depois de se separar de Maria Mendes, passou a presenteá-las com lanches, sandálias, roupas, dinheiro, absorventes higiênicos e passeios de motocicleta.

No depoimento, o professor João Batista disse ainda que participaram também da suposta armação para incriminá-lo o conselheiro tutelar, Dean Frankcígiley Araújo costa, e o namorado da menina mais velha, Anderson Nunes Alves.

“Nunca fiz isso. Estou sendo vítima de armação, denunciada inclusive por a avó das meninas, Maria do Faceiro. Luto pelo povo pobre de Viana em meu programa de rádio. Entrego a Deus o que estou vivendo”, disse João Batista.

SIGILO TELEFÕNICO

A situação de João Batista se complicou ainda mais quando ele foi interrogado pelo senador Magno Malta e entrou em uma série de contradições. Malta estava de posse do sigilo telefônico do professor, quebrado a pedido da CPI.

No depoimento, a mãe da menina confessou que ligou para o professor para saber onde estava sua filha, que tinha saído com ele para comprar pizza. João Batista disse que a menina estava no parque, brincando em uma roda gigante.

Mas, em um trecho do sigilo telefônico, a própria torre de telefonia celular localizou que o telefonema foi recebido pelo professor João Batista de dentro do Motel Savana, onde ele costumava levar as meninas para estuprá-las.

O sigilo telefônico revelou também todas as ligações dadas e recebidas pelo professor João Batista desde o mês de junho deste ano, quando depois de conviver oito anos com as enteadas, ele resolveu iludi-las com presentes e estuprá-las.

Em nenhum momento, durante os depoimentos, nenhum dos envolvidos revelou que os abusos sexuais começaram quando João Batista convivia com Maria Mendes. Tudo teria começado depois que o professor comprou uma moto.

CONJUNÇÃO CARNAL

O conselheiro tutelar Dean Frankcergeley Araújo disse, durante depoimento à CPI, que antes de denunciar João Batista na Polícia, no Ministério Público e ao juiz de Viana, mandou realizar exames de conjunção carnal nas menores e constatou que ambas haviam sido estupradas.

O conselheiro lamentou que o promotor e o juiz de Viana, Raimundo Benedito e Mário Márcio tenham ficado omissos ao caso. “Tudo ficou provado. Infelizmente, o juiz disse que o processo corria sob segredo de justiça e tivemos que encaminhá-lo à DPCA, em São Luís”, afirmou.

Os senadores prometeram encaminhar ofícios ao juiz de Viana, pedindo a apuração rigorosa do caso, e a relação de outros que estejam tramitando naquela unidade do Poder Judiciário.

Os senadores lamentaram também que, a exemplo de outros Estados, o Maranhão também sofre com a falta de estrutura dos conselheiros tutelares. As denúncias encaminhadas ao Ministério Público e ao juizado de Viana foram feitas em cartas manuscritas.

Estavam presentes na CPI o presidente da Assembleia, Marcelo Tavares (PSB) e os deputados Edivaldo Holanda (PTC), Rubens Júnior (PRTB), Valdinar Barros (PT), Helena Heluy (PT) e Eliziane Gama (PPS). Participaram também a procuradora-geral de Justiça, Fátima Travassos, e vários promotores.

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