domingo, 7 de março de 2010

ABUSO SEXUAL: NOVA DENÚNCIA SACODE A IGREJA

do Correio Braziliense
Escândalo atinge coro que era dirigido pelo irmão do papa Bento XVI

Depois que o reitor do famoso colégio jesuíta Canisius, em Berlim, admitiu, no fim de janeiro, que muito alunos haviam sido alvo de abusos por dois ex-professores, nos anos 1970 e 1980, a Igreja Católica parece ter mergulhado novamente em uma espiral de escândalos. Na sexta-feira, uma nova denúncia explodiu, atingindo o coro de meninos cantores de Regensburg, na Baviera, que foi dirigido pelo bispo Georg Ratzinger, irmão do papa Bento XVI, entre 1964 e 1993. O bispado de Regensburg reconheceu, inicialmente, um caso que teria ocorrido no começo da década de 1950. Admitiu, porém, ter “informações” sobre vários outros ataques “entre 1958 e 1973” — o que abrange nove anos do período de direção do bispo Ratzinger. O irmão do papa declarou a uma rádio local, segundo a agência de notícias AFP, que não sabe de nada.

“O Vaticano leva muito a sério qualquer assunto de escândalo sexual de pederastia na Alemanha”, assegurou o padre Ciro Benedettini, vice-diretor da sala de imprensa do Vaticano. Ele se negou, porém, a comentar o caso de Regensburg. A conferência episcopal alemã encarregou o bispo de Tréveris, monsenhor Stephan Ackermann, de esclarecer o escândalo. O presidente da Conferência Episcopal, monsenhor Robert Zollitsch, se reunirá em 12 de março, no Vaticano, com o papa, que, desde o começo de seu pontificado, condenou duramente esses comportamentos. Bento XVI afirmou que são atitudes que geram “vergonha” e assegurou que os culpados “não têm lugar na Igreja”.

Até o fim do século 20, a Igreja Católica, tentando preservar a sua imagem, optava por manter os casos em segredo e, normalmente, apenas mudava os culpados de posto. Os casos de pederastia desgastaram a instituição, muito presente entre os mais jovens por meio da catequese e dos estabelecimentos de ensino. Além disso, custam muito dinheiro, devido ao pagamento de indenizações às vítimas. O bispo de Ferns (sudeste da Irlanda), monsenhor Denis Brennan, chegou a pedir ajuda aos fiéis para indenizar as vítimas.

Na região de Dublin, vários sacerdotes abusaram sexualmente de centenas de crianças durante décadas sem que seus superiores, que sabiam o que estava acontecendo, os denunciassem. Outro escândalo veio à tona na segunda-feira passada na Holanda, onde a Ordem dos Salesianos de Dom Bosco anunciou a abertura de uma investigação sobre abusos sexuais cometidos por religiosos contra alunos de um colégio interno de Arnhem (leste) nos anos 1960. Em outro caso de pederastia, a Congregação dos Legionários de Cristo do México pediu “perdão”, na quinta-feira, aos supostos filhos de seu fundador, o padre Marcial Maciel, que foram vítimas sexuais do religioso mexicano, que morreu aos 87 anos, em janeiro de 2008.

Durante os últimos anos, vários casos de pederastia sacudiram a Igreja em diversos países, como nos Estados Unidos e na Austrália, onde o papa se reuniu com as vítimas, no Canadá e na Áustria.

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