Aconteceu o que previ no programa “Comando da Noite”, de ontem, quarta-feira: a decisão da desembargadora Márcia Andrea de considerar a greve dos rodoviários abusiva e ilegal provocou tumulto na manhã desta quinta-feira, no Anel Viário. Policias do Batalhão de choque usaram de força para conter a revolta de rodoviários, indignados com essa determinação.
Como não houve cumprimento da decisão de manter 80% da frota em circulação, a desembargadora decidiu, no final da tarde de ontem, pela ilegalidade e abusividade da greve, além de determinar o retorno imediato dos trabalhadores a seus postos de trabalho, sob pena de demissão. Fora determinado aos empresários que, caso os rodoviários decidissem continuar com o movimento paredista, contratassem imediatamente novos trabalhadores. O Sindicato dos Rodoviários aceitou que apenas 30% da frota entrassem em circulação, mantendo-se, portanto, o estado de greve, até que aconteça nova rodada de negociação.
Parte da frota foi posta em circulação, mas houve confronto entre rodoviários e PMs no Portinho, no Anel Viário. Foram momentos de pânico e terror, com a polícia usando de força e violência. Três trabalhadores foram conduzidos em viaturas ao plantão centra da RFFSA. Essa ação policial serviu para acirrar, ainda mais, os ânimos. O clima é de tensão. Os empresários afirmam que vão recolher os ônibus às garagens por volta das 19h.
Na verdade, a decisão judicial de manter 80% da frota em circulação não foi cumprida por que os empresários não permitiram a saída dos ônibus das garagens, temendo depredação.
O mais lamentável, é que a desembargadora resolveu majorar a multa de R$ 50 mil/dia de paralisação para R$ 100 mil, a ser paga pelo Sindicato dos Rodoviários. E o sindicato dos empresários, que impediu a circulação dos ônibus, não será multado?
A ação da SMTT
Logo após a decisão da desembargadora, que decidiu pela ilegalidade e abusividade da greve, o secretário de trânsito, Clodomir Paz, realizou, na noite de ontem, uma reunião com o comando do policiamento metropolitano, a comando dos agentes de trânsito, além de representantes do sindicato dos empresários. O objetivo era definir a estratégia de ação para que parte da frota circulasse na manhã desta quinta-feira, sem riscos de danos ao patrimônio dos empresários.
O que mais causa estranheza é o fato de o secretário não ter convocado representantes dos rodoviários para essa reunião. Será que a secretária estaria legislando em favor dos empresários? Por que, em nenhum momento, mesmo sabendo da greve com bastante antecedência, a SMTT não convocou reuniões para discutir a situação e evitar esse caos na cidade?
Acredito que essa situação só chegou a esse ponto por pura omissão da Prefeitura, que deixou tudo a cargo da Justiça do Trabalho, não agindo como poder concedente das linhas. Cabe ao poder público tomar a frente de todo e qualquer imbróglio no sistema de transporte urbano para evitar que a população seja a maior prejudicada.
Muitas pessoas estão conseguindo se deslocar para o trabalho por que fazem uso do transporte alternativo. Mesmo assim, a Prefeitura tem agido para coibir a ação de quem está fazendo lotação. Muitos já foram multados. Ora, isso é uma ignorância sem tamanho por parte do poder público. A quem a população iria recorrer, no momento em que todo o sistema de coletivos está paralisado? Obviamente, ao transporte alternativo. Caberia à Prefeitura ter buscado uma alternativa para evitar maiores prejuízos à população.
Esse caos todo deve ser debitado, portanto, à incompetência da administração municipal, que lavou as mãos diante de um problema tão grave.
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