O juiz de Parnaguá (1.050 km de Teresina), Carlos Henrique de Sousa Teixeira, já foi preso, em novembro de 2010, por envolvimento em grilagem de terras no Piauí. O magistrado teve sua casa invadida por vários homens armados, na madrugada de segunda feira, conforme postagem detalhada na postagem anterior (confira aqui).
Os detalhes da prisão do magistrado estão na matéria, datada de 19 de novembro de 2010, e assinada por jornalistas no portal AZ, Teresina.
Por Rômulo Maia (do Tribunal de Justiça do Piauí)
Patrícia Costa (da redação do Portal AZ)
Fotos: Marcelo Cardoso e Thiago Amaral
O juiz da comarca de Parnaguá, Carlos Henrique Souza Teixeira chegou na sede do Tribunal de Justiça do Piauí (TJ-PI) escoltado pela Polícia Federal. Em silêncio, ele saiu do carro sem algemas e foi levado direto para a sala do presidente do TJ, onde se apresentou.

“Pelo o que foi apresentado até aqui, ele não tem condições de continuar exercendo suas funções. Vamos analisar”, falou o desembargador, que marcou para a próxima segunda-feira (22) o depoimento formal do juiz.
Ao sair da apresentação, Lúcio Tadeu, advogado de Carlos Henrique, disse que seu cliente está “surpreso e abalado com a decisão [de predê-lo], que ele considera equivocada.”
O exame de corpo de delito no magistrado foi realizado na sede do TJ e não no Instituto Médico Legal, como é padrão. Após o procedimento, Carlos Henrique saiu do tribunal escoltado por policiais federais e foi conduzido para o Quartel do Comando Geral da Polícia Militar (QCG).
Ele vai dividir cela com o advogado Faminiano Machado, preso em setembro deste ano, e com o vereador de Altos, Antônio Ribeiro Paiva, detido em agosto.
Operação Mercadores. Lucro da quadrilha presa chegaria a R$ 30 milhões
A quadrilha presa nesta sexta-feira (19) pela Operação “Mercadores” mantinha negócios que, nos próximos meses, renderiam cerca de R$ 30 milhões. O grupo atuava com a grilagem de terras nos municípios de Corrente e Parnaguá, onde estão localizadas as terras mais férteis e valorizadas dos cerrados piauiense.
A investigação corre em segredo de justiça. O nome de nenhum envolvido foi revelado durante a coletiva concedida na sede do Tribunal de Justiça do Piauí. Apenas a participação do juiz Carlos Henrique Souza Teixeira, da comarca de Parnaguá, foi confirmada. “Tivemos que cortar na própria carne”, lamentou o desembargador Luiz Gonzaga Brandão de Carvalho.
Carlos Henrique é acusado de vender sentenças e liminares em benefício da quadrilha. Investigando o tráfico de drogas no Sul do Estado, a Polícia Federal descobriu indícios de que o magistrado negociava decisões judiciais. Monitorando os traficantes, a PF detectou uma pessoa “muito próxima do magistrado” que agenciava a venda de liminares.
Por meio de escutas telefônicas, os lobistas e empresários que grilavam terras foram descobertos. Eles atuavam em conjunto há cerca de dois anos. A investigação sobre a atuação da quadrilha durou sete meses e teve participação fundamental do Ministério Público do Estado.
Prisões e apreensões
Dez pessoas foram presas e computadores, agendas e documentos apreendidos durante a Operação “Mercadores”. Entre os presos há apenas uma pessoa natural do Piauí.
Os mandados de prisão foram cumpridos nas cidades de Corrente (PI), Parnaguá (PI), Barreiras (BA), Governador Valadares (MG) e no Distrito Federal. A quadrilha é acusada de venda de liminares e sentenças, tráfico de influências, corrupção ativa e passiva e falsidade ideológica e falsificação de documentos.
Além do juiz Carlos Henrique e do ex-policial Cecílio Oliveira Cruz, o Portal AZ apurou que também foram presos:
Marcilei Dantas, irmão do ex-presidente da Câmara dos Vereadores de Corrente, Marcos Dantas;
Filadelfo Corado Neto, o “Boneco”, sobrinho de Filadelfo Corado Silva, ex-vice-prefeito do município de Sebastião Barros;
Richard, genro do juiz de Parnaguá, Carlos Henrique.
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