Gilberto Lima
Editor do Blog
Sei que minha contribuição à história da Rádio Timbira, que chega aos 70 anos, não foi a maior, ao longo dessa trajetória setentista, mas, com certeza, foi importante para seu resgate. Quando a assumi, em abril de 2007, a emissora só sussurrava para parte de São Luís nos seus 1.290khz. Estava relegada a cubículos emprestados pela direção da Ceasa e fora do ar por falta de manutenção no seu transmissor.
A primeira medida foi levá-la de volta às antigas instalações na Rua do Correio, no Bairro de Fátima. Consegui, junto à Secretaria de Infraestrutura do Estado, a reforma do antigo prédio. Quando fui expurgado da direção, em abril de 2008, esses serviços estavam em pleno andamento, com a colocação de forro de PVC, construção de um estúdio auxiliar e montagem do estúdio principal, uma espécie de mini-auditório para que ouvintes acompanhassem a programação ao vivo.
Transmissor de 10Kw da marca Continental |
Um passo importante para o soerguimento da Timbira foi o investimento de cerca de R$ 350 mil na compra de novos equipamentos para os dois estúdios, além de um transmissor moderno, da marca Continental, com 10kw de potência. Há muitos anos não se fazia nenhum investimento no sentido de modernizar a emissora.
Gilberto Lima, no "Comando da Manhã", no novo estúdio |
Vista da operação de áudio |
Outros projetos, como o de autonomia administrativa e financeira para a emissora, não foram adiante porque não interessavam ao então secretário de comunicação, que tinha a intenção de entregar a gestão da emissora para uma empresa privada do setor de comunicação. Um projeto de recriação da empresa pública de comunicação chegou a ser formulado na Casa Civil, com parecer favorável do Procurador Geral. No entanto, não chegou a ser encaminhado para votação na Assembleia Legislativa, pois não agradava a algumas figuras que gravitavam em torno do governador da época. A emissora continua sem autonomia, vinculada ao setor de radiocomunicação da Secom.
Vista do estúdio auxiliar, de gravação |
Jornalista Joel Jacintho, na apresentação do programa cultural |
É bom lembrar que a Timbira foi extinta, como empresa pública de comunicação, em 1994 no primeiro governo de Roseana Sarney, num processo de enxugamento da máquina administrativa. Desde então, nunca mais voltou a ter a pujança e audiência de outrora. Um bom momento, em termos de audiência, foi no curto espaço de tempo que passei à frente da emissora, onde os programas jornalísticos contavam com grande participação popular. Atualmente, a emissora não abre sua programação para essa participação de ouvintes. Pratica uma comunicação de via única, sem retroalimentação, o retorno(o feedback) por parte de sua audiência. Sem isso, fica difícil até aferir os níveis de abrangência e alcance dessa audiência. Na democracia, os meios de comunicação são ferramentas importantes para a formação da consciência crítica, no estímulo ao debate de idéias.
Vista da mesa de operação de áduio |
Lamento que os atuais dirigentes da emissora tenham ignorado essa minha passagem pelo comando da emissora oficial do Estado. Mas os fatos estão aí para mostrar que foi um período profícuo, mesmo com toda a turbulência que culminou com minha saída do governo. Não quero, em hipótese alguma, tirar os méritos de quem a dirige. Só achei deselegante não ter sido convidado para participar das festividades desses 70 anos da Timbira, mesmo que fosse para não receber medalhas. Essas podem ser corroídas pelo tempo. Só as boas obras se eternizam e suportam as intempéries. Parabéns, Timbira!
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