Gabriel
Castro, de Veja
O policial e militante do PC do B João
Dias assegurou a VEJA ter gravações que comprovam o esquema de corrupção no
Ministério do Esporte, revelado por ele em reportagem da edição desta semana da
revista. Na manhã deste domingo, Dias publicou em seu blog uma espécie de carta
aberta ao ministro. No texto, o policial militar afirma: "O que falei para
a revista está devidamente gravado e será apresentado às autoridades
competentes". Ele não se refere apenas à gravação de sua entrevista a
VEJA, mas, também, a arquivos em áudio que estão em seu poder e que, assevera,
provam as acusações que faz à cúpula do Ministério do Esporte.
Dias também usou o blog para desafiar o
ministro do Esporte, Orlando Silva, e seu partido. Diz que está ansioso para
apresentar "as verdades materializadas" e para se confrontar com
Silva em uma investigação. No texto, o policial militar responde ao ministro,
que o chamou de "bandido" e desqualificou as revelações feitas pelo
colega de partido a VEJA. De acordo com Dias, o Ministério do Esporte abriga um
grande esquema de corrupção, criado para alimentar os caixas de campanha do PC
do B. A reportagem mostra como o próprio Orlando Silva recebeu uma caixa
repleta de dinheiro vivo.
Em mensagem publicada neste fim de
semana, Dias reafirma o que disse à revista e diz ter sido procurado por um
emissário do ministro pouco antes da publicação da matéria. "E se tu não
deves nada, por que mandou seu secretario (sic) nacional Ricardo Leiser tentar
me localizar na sexta feira, quando soube da matéria, o que ele queria comigo?
Fazer mais um daqueles acordos nao cumpridos?", diz o texto.
Dias devolveu o adjetivo usado pelo
ministro para tentar esvaziar as denúncias: "Eu não sou bandido, bandido é
você e sua quadrilha, que faz e refaz qualquer processo do ministério de acordo
com sua conveniência", escreveu o policial.
Em uma frase postada em seguida, o
militante do PC do B também ameaça a cúpula de seu partido, que divulgou um
comunicado defendendo Orlando Silva. "Era bom o PC do B nacional ficar
calado antes de sair em defesa do Orlando sumariamente". O policial
garantiu ainda estar ansioso para ser chamado a público para falar sobre suas
acusações.
Reportagem
A edição de VEJA que chegou às bancas
neste sábado mostra como João Dias Ferreira, policial e militante do PC do B em
Brasília, acusa Orlando Silva de coordenar um esquema milionário de desvios em
convênios com Organizações não-governamentais (ONGs). Para receber o valor a
que tinham direito, as entidades precisavam pagar 20% do valor em questão a
integrantes da pasta.
João Dias, que chegou a ser preso
durante uma operação que descobriu desvios no ministério durante o governo
Lula, também acusa Orlando Silva de ter recebido uma caixa repleta de dinheiro
vivo, originário do esquema. A maior parte dos recursos desviados teria sido
usada para cobrir gastos de campanha do PC do B - inclusive despesas com a
coalização que, em 2006, levou Luiz Inácio Lula da Silva ao poder.
Apesar de sua assessoria ter sido
procurada na quinta-feira por VEJA, só após o fechamento da revista, na noite
de sexta-feira, é que Orlando Silva fez contato com a reportagem.
O ministro se disse "chocado".
Afirmou que sabia das ameaças do policial há algum tempo. “Durante um ano esse
sujeito procurou gente do ministério e fez ameaça, insinuação. E qual foi a
nossa posição? Amigo, denuncie, fale o que você quiser. Por quê? Porque como
nós temos convicção de que o que foi feito foi o correto, nós não tememos. E
falávamos para ele: não nos interessa. Ele falava que existia um dossiê, que ia
denunciar... A resposta era: faça, procure o Ministério Público, a polícia, a
justiça, faça o que você quiser fazer”, afirmou.
Partido
Maior beneficiário do esquema denunciado
por João Dias, o PC do B divulgou uma nota em que tenta desqualificar as
revelações de VEJA. "Tudo indica que esse cidadão age por vingança, por
represália contra a medida moralizadora do Ministério do Esporte", diz o
presidente da legenda, Renato Rebelo, no comunicado.
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