Jorge Bastos Moreno (moreno@bsb.com.br)
e Gerson Camarotti (gcamarotti@bsb.oglobo.com.br)
RIO E BRASÍLIA - Diante das denúncias de
um suposto esquema de desvio no Ministério do Esporte para abastecer o caixa do
PCdoB, a presidente Dilma Rousseff considera a situação do ministro Orlando
Silva insustentável e sugeriu a ele que peça demissão ainda nesta sexta-feira,
segundo informou o colunista Jorge Bastos Moreno em seu Twitter .
Assegurando que o cargo permanecerá com
o PCdoB, Dilma disse ao ministro para entregar o cargo antes que as revistas do
fim de semana cheguem às bancas.
Segundo o colunista do GLOBO, a
presidente já fez várias consultas e concluiu que não tem condições políticas
de manter Orlando no cargo, mesmo com as explicações dadas em audiências na
Câmara e no Senado , em que ele negou participação no suposto esquema. Nesta
sexta-feira, o Palácio do Planalto pediu para o ministro não sair de Brasília.
Isso porque a presidente deseja ter um encontro com ele "a qualquer
momento". Havia a possibilidade de ele participar de um encontro do PCdoB,
no Rio de Janeiro, nesta sexta à noite. A conferência do partido será
transformada num ato de apoio ao ministro. Pela manhã, o secretário-geral da
Fifa já falava em substituição de Orlando como interlocutor do governo
brasileiro para a Copa 2014.
EM DEPOIMENTO : PM delator reafirmou
acusações contra Orlando Silva (leia aqui)
PERFIL : João Dias, autor da denúncia
contra ministro do Esporte, é policial rico e temido pelo poder (leia aqui)
INFOGRÁFICO : Os escândalos no governo
Dilma (veja aqui)
Dilma chegou na noite de quinta-feira da
viagem de cinco dias à África e, em seguida, reuniu-se no Palácio da Alvorada
com os ministros Gilberto Carvalho (Secretaria Geral), Gleisi Hoffmann (Casa
Civil), Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e José Eduardo Cardozo
(Justiça) para discutir a crise política gerada pelas denúncias de
irregularidades que envolvem o ministro do Esporte. A reunião terminou pouco
antes da meia-noite e os ministros saíram sem falar com a imprensa.
Ainda na tentativa de permanecer no
cargo, o ministro disse na madrugada desta sexta-feira, por meio do Twitter,
que preparou um relatório para refutar as "mentiras publicadas desde o fim
de semana".
Sem confirmar se teria uma audiência com
a presidente, Orlando postou no microblog:
"Preparei um relatório com mentiras
publicadas desde fim de semana. Impressiona tantos ataques sem qualquer prova.
Até!".
O Planalto agora tenta costurar uma
saída honrosa, e, dentro dessa linha, manter o PCdoB com a pasta. Nas palavras
de um interlocutor do governo, a solução seria "manter o time, mas mudar o
técnico". Mas para a surpresa do núcleo palaciano, o PCdoB tem demonstrado
forte disposição de não entregar o cargo.
Em outra mensagem postada no Twitter, o
ministro se refere à queixa-crime que a Advocacia Geral da União (AGU)
apresentou na Justiça de São Paulo contra João Dias, delator do suposto esquema
de desvios do programa Segundo Tempo por meio de organizações não
governamentais, e contra o motorista Célio Soares Pereira, que disse ter entregado
dinheiro pessoalmente a Orlando Silva na garagem do ministério. Em oito anos, o
esquema teria desviado R$ 40 milhões.
"Hoje, a Advocacia Geral da União
apresentou uma queixa-crime em minha defesa, contra os caluniadores. E eles
podem ser presos", postou Orlando.
O ministro contou ainda que está lendo a
biografia de Nelson Mandela e que o livro se trata de "uma aula de
resistência e combatividade".
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