quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Dilma volta a cobrar explicações de Lupi e PDT já procura substituto


Lupi foi recebido por Dilma Roussef na manhã desta quarta-feira
Permanência do ministro no governo se tornou insustentável após novas denúncias

AILTON DE FREITAS / AGÊNCIA O GLOBO

BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff já recebeu na manhã desta quarta-feira o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, e pediu explicações convincentes e documentadas sobre a viagem feita por ele ao Maranhão, em que utilizou o avião do presidente de uma das ONGs com convênios firmados com a pasta. Lupi deve voltar ainda nesta quarta para um segundo encontro no Palácio do Planalto com a presidente. A situação dele é extremamente delicada, segundo interlocutores da Presidência da República. A avaliação que se faz é que os fatos e imagens desmentem a versão apresentada por Lupi até momento. A Comissão de Assuntos Sociais, do Senado, aprovou o convite para que o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, participe de uma audiência quinta-feira no Congresso para esclarecer as acusações.
Certos de que a situação é insustentável e pode ter um desfecho ainda nesta quarta, a ala do PDT lupista corre contra o tempo para tentar emplacar na vaga do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, dois deputados de seu grupo: André Figueiredo (CE), seu interino na presidência do partido, ou João Dado (SP). Lupi deve se encontrar com a presidente Dilma ainda hoje, mas dificilmente conseguirá mais tempo depois do agravamento de seu caso no fim de semana.

Mas segundo parlamentares da ala contrária a Lupi no PDT, ele dificilmente emplacará André Figueiredo, alvo também de denúncias de irregularidades com o Programa Nacional de Inclusão de Jovens (Projovem), do Ministério do Trabalho. Segundo matéria do Jornal Correio Braziliense, o programa passou a ser utilizado para turbinar filiados ao PDT em nível nacional e para atender os interesses eleitorais dos principais aliados de Carlos Lupi, dois deles ex-assessores diretos na pasta e hoje deputados federais: André Figueiredo e Weverton Rocha (PDT-MA). Rocha, que também é acusado de cobrar propina quando era assessor especial de Lupi, foi beneficiado com vagas do Projovem em seu estado.

Segundo a reportagem do Correio, na gestão de Lupi foram distribuídas vagas e recursos do Projovem aos estados conforme a influência dos aliados e o potencial de votos e crescimento do PDT.

- Se o André Figueiredo for nomeado, no dia seguinte tem rolo - disse nesta quarta um deputado pedetista que acompanha a mobilização dos lupistas para emplacar Figueiredo.

PDT não precisa de um lugar no governo, diz Miro Teixeira

Já o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), apontado como um nome capaz de agradar ao Planalto para substituir o ministro do Trabalho,defende que o partido continue apoiando os projetos de interesse da população independente de ter ou não um ministério. Miro diz que o PDT não precisa de um lugar no governo para apoiar projetos do governo de interesse da população.

- Se a cúpula do PDT disser que para isso precisa de cargos, não estará falando pela totalidade do partido. Há parlamentares que pensam assim e só não se manifestaram nesse sentido até agora para não parecer que estava jogando uma pá de cal em Lupi. Quem disser que o PDT precisa de cargos para apoiar o governo, está mentindo - disse Miro Teixeira.

Outros nomes que teriam aval do Planalto estão sendo lembrados, como o do ex-senador Osmar Dias (PR), que se sacrificou na campanha de Dilma, lançando-se candidato ao governo, para lhe dar um palanque no Paraná. O nome do gaúcho Vieira da Cunha também é colocado nessa lista. Ministro deve dar explicações no Senado.

De acordo com a Agência Senado, o ministro já confirmou que vai comparecer ao Senado nesta quinta-feira.

O requerimento foi apresentado pelo líder do PSDB, Álvaro Dias (PR), e pela senadora Ana Amélia, do PP-RS. Vários integrantes da base governista, incluindo petistas apoiaram a iniciativa, como os senadores Eduardo Suplicy (SP) e Ana Rita (ES).
A permanência de Lupi no governo se tornou insustentável após a divulgação de fotos que comprovam que o ministro viajou em avião King Air, prefixo PT-ONJ, fretado pelo empresário Adair Meira, dono de três ONGs financiadas pelo Ministério do Trabalho. No fim de semana, o Ministério do Trabalho divulgou nota negando que Lupi tivesse usado o avião e sustentou que o ministro havia usado em seus deslocamentos no interior do Maranhão, uma outra aeronave. Para piorar a situação, o site da revista “Veja” divulgou um vídeo com as mesma imagens de Lupi, desembarcando na cidade maranhense de Grajaú.

A Controladoria Geral da União investiga supostas irregularidades das ONGs de Meira com recursos do Trabalho. Em um dos casos, aponta falta de comprovação de despesas de R$ 5 milhões.

Nas palavras de um interlocutor direto da presidente Dilma Rousseff, a sobrevida dada a Lupi até a reforma ministerial em janeiro já não existe. Avaliação feita nesta terça-feira por integrantes do núcleo do governo foi a de que Lupi deve uma explicação pública convincente. E, se isso não ocorrer, o Planalto espera que o PDT conduza o processo de substituição do ministro o mais rápido possível.

Segundo um ministro, Lupi está extremamente fragilizado e só piorou sua situação com declarações polêmicas nos últimos dias. No Planalto, Lupi é chamado de "fanfarrão". Já há avaliação interna de que sua permanência começa a contaminar a agenda do governo.
O constrangimento com Lupi nesse episódio não é só no Planalto, mas na base aliada e até no PDT. Apesar das negativas oficiais, integrantes da cúpula do PDT afirmaram na terça-feira ao GLOBO que Lupi não se sustenta mais.

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