Revista acusou ministro do Trabalho, Carlos Lupi, de
andar em avião de ONG.
Nathalia Passarinho
Do G1, em Brasília
O empresário Adair Meira, dirigente de ONGs
beneficiadas por convênios com o Ministério do Trabalho, afirmou nesta
terça-feira (15) ao G1 que o ministro Carlos Lupi andou em dois modelos de
aeronaves durante viagem em 2009 pelo Maranhão, um bimotor Sêneca e um
turbo-hélice King Air. Adair confirmou ter intermediado o aluguel do King Air,
mas negou ter arcado com os custos.
Ele contou que recomendou ao ex-secretário de
Políticas Públicas e Emprego Ezequiel Nascimento que alugasse o King Air na
empresa de taxi aéreo Aerotec. “As empresas têm dificuldade em alugar para
desconhecido. Eu recomendei ao Ezequiel a Aerotec e falei sobre ele para os dirigentes
da empresa”, disse. O G1 tenta contato com Ezequiel Nascimento.
O G1 tentou contato com a Aerotec, que teria alugado
o avião, mas foi informado por um funcionário que os diretores, que falam pela
empresa, estavam viajando. O G1 deixou recado no celular de um dos diretores,
mas não recebeu resposta até a publicação desta reportagem.
Segundo Adair, Lupi estava cumprindo a agenda pelo
Maranhão no avião de modelo Sêneca, quando Ezequiel o convidou a andar no King
Air por ser maior. Adair afirmou que essa aeronave foi usada pela comitiva do
ministro em pelo menos um trajeto da viagem. “Acompanhei o ministro no King Air
em um dos trechos, me parece que de Imperatriz (MA) a Timon, no Piauí”,
afirmou.
Foto divulgada pelo site “Grajaú de Fato” mostra que
Lupi também teria desembarcado em Grajaú com o turbo-hélice modelo King Air. No
último fim de semana, o Ministério do Trabalho divulgou nota dizendo que Lupi
apenas utilizou o modelo Sêneca durante a agenda no Maranhão. O G1 tenta
contado com a assessoria da pasta.
Em depoimento na Câmara na última quinta (10), Lupi
negou ainda que tenha andado no mesmo avião que Adair. “Nunca andei em jatinho
de Adair, não o conheço (...) Não tenho nenhum tipo de relação com ele, apenas
ter conhecido em algum evento público, isto é normal”, disse.
O empresário afirmou que decidiu “contar o que sabe”
porque não gostou da forma como Lupi negou ter contato com ele. “Eu decidi
falar porque o ministro negou me conhecer, o que gera suspeitas para a nossa
organização. É como se tivéssemos uma doença”, disse.
Adair destacou que não conversou com Lupi durante a
viagem de Imperatriz a Timon e que não tem intimidade com o ministro. “Fui convidado
pelo Ezequiel e andar na aeronave. O ministro ficou o tempo todo conversado com
o então candidato ao governo do Maranhão, Jackson Lago (já falecido). Não
estava colado no ministro, não sou amigo do ministro, mas quando ele diz que
não nos conhece, ele nos onera”, disse.
O empresário afirmou ainda que as ONGs dele
conseguiram fechar convênios com o Ministério do Trabalho por “mérito”, após
participação em chamadas públicas e apresentação dos documentos necessários.
“Os contratos não foram negociados com o ministro nem
com o Ministério do Trabalho, tudo foi feito por meio de chamadas públicas, com
exigência de estrutura própria, contrapartida de 5% do contrato”, afirmou.
Provas
O presidente em exercício do PDT, deputado federal
André Figueiredo, afirmou que espera receber nesta quarta-feira (16) da direção
do partido no Maranhão documentos que comprovem a legalidade do aluguel da
aeronave utilizada pelo ministro do Trabalho.
Segundo o presidente do PDT, o deputado Weverton
Rocha (PDT-MA) vai apresentar plano de voo para demonstrar os passageiros, a
aeronave utilizada e o trajeto percorrido por Lupi na viagem ao Maranhão.
“O deputado Weverton ficou de prestar todas as
explicações ao partido amanhã [quarta]. Ele disse que tinha tudo que é
necessário para comprovar que não houve irregularidade. Vai, por exemplo,
apresentar plano de voo”, afirmou Figueiredo ao G1.
De acordo com a assessoria do deputado Weverton Rocha
, ele ainda tenta localizar o plano de voo. Conforme a assessoria, por conta do
feriado da Proclamação da República nesta terça, houve um "desencontro com
o piloto".
A assessoria disse ainda que a revista
"Veja" publicou erroneamente que Weverton Rocha disse que o PDT do Maranhão
pagou a locação do avião por R$ 700 mil.
Segundo a assessoria, o deputado nunca disse quem
pagou pelo jato e nem por qual valor. Informou apenas que a utilização do avião
para percurso em eventos com fins partidários foi resolvido pelo PDT estadual e
que a aeronave pode ter sido conseguida com empresários. No caso das agendas
ministeriais, o deslocamento ficou a cargo de prefeituras locais.
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