MÁRCIO FALCÃO
DE BRASÍLIA

A votação da PEC é uma resposta à decisão do STF
(Supremo Tribunal Federal), de junho de 2009, que derrubou a necessidade do
diploma para os jornalistas. Os parlamentares entenderam que a Constituição
deve estabelecer a exigência do diploma de curso superior em jornalismo,
expedido por "instituição oficial de ensino".
O texto da PEC estabelece que não será exigido
diploma para o colaborador --aquele que, sem relação de emprego, produz
trabalho de natureza técnica, científica ou cultural, relacionado à sua
especialização.
A proposta também assegura que os jornalistas sem
diploma que atuam na área possam continuar exercendo normalmente as suas
funções, desde que comprovem que já trabalhavam antes da aprovação da PEC.
O projeto ainda precisa ser aprovado em segundo turno
antes de ser encaminhado para análise da Câmara.
A PEC dividiu senadores com posições distintas sobre
a necessidade de diploma para os jornalistas. Autor da proposta, o senador
Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) disse que a PEC não tem como objetivo
confrontar a decisão do STF, mas estabelecer algo previsto constitucionalmente.
Ao derrubar a exigência do diploma, a maioria dos
ministros do STF entendeu que restringir o exercício do jornalismo a quem tem
diploma afronta o princípio constitucional da liberdade de expressão.
O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) questionou
a proposta. "A atividade de jornalista está intimamente ligada à liberdade
de expressão. Não cabe nenhum tipo de restrição legal nem constitucional. O que
se faz aqui é querer contornar uma decisão do Supremo. Não há interesse público
envolvido na aprovação dessa PEC", disse.
O líder do DEM, Demóstenes Torres (GO), disse não ter
dúvida de que o Supremo poderá derrubar mais uma vez a exigência do diploma,
caso o Congresso aprove a PEC.
PT, PP, PSB, PRB, PSOL pediram que as bancadas
aprovassem a matéria. PTB, PSDB, DEM liberaram os senadores para votarem como
bem entendessem e apenas a bancada do PSD foi contrária à aprovação da PEC.
"Sem diploma, qualquer um que sabe escrever um
bilhete pode ser jornalista", afirmou o líder do PR, Magno Malta (ES).
"Qualquer profissional pode se expressar em
qualquer lugar. Falamos do exercício do jornalismo e isso é diferente. Se temos
universidades e faculdades de comunicação, temos que valorizar esses cursos.
Fazer diferente é rasgar diplomas", disse o senador Wellington Dias
(PT-PI).
Apesar de sustentar que há "analfabetos pelas
redações", o senador Fernando Collor (PTB-AL) disse que a proposta é
perigosa e não pode servir como embrião para o controle dos meios de
comunicação social.
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