sexta-feira, 9 de novembro de 2012

PF prende 30 por envolvimento com grupos de extermínio na Paraíba



WILLIAM DE LUCCA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM JOÃO PESSOA (PB)

A Polícia Federal prendeu na manhã desta sexta-feira (9) 30 agentes de segurança, entre policiais militares, civis e agentes penitenciários, suspeitos de pertencer a três grupos criminosos que atuavam em municípios da Grande João Pessoa, na Paraíba.

As prisões e os mandados de busca e apreensão fazem parte da operação Squadre, que envolveu cerca de 400 policiais federais e contou com o apoio do Ministério Público e da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social da Paraíba. Outros 15 mandados de prisão deverão ser cumpridos até o fim da tarde.

Entre os presos, estão 12 policiais militares --incluindo um major e dois capitães--, dois delegados da Polícia Civil, dois agentes penitenciários, um funcionário do Detran, policiais civis, além de pessoas sem ligação com a segurança pública.

De acordo com superintendente da PF na Paraíba, delegado Marcelo Diniz Cordeiro, os três grupos atuavam de forma independente, mas estavam interligados pelo tráfico ilegal de armas e munição. As quadrilhas praticavam também lavagem de dinheiro, extorsão e corrupção, segundo as investigações.

ACERTO DE CONTAS

Segundo o superintendente da PF, a primeira quadrilha atuava como grupo de extermínio e era composta por policiais militares, civis e um agente penitenciário, além de civis, e assassinava presos e ex-presidiários como forma de fazer acerto de contas.

"Acreditamos que o grupo tenha participado de pelo menos quatro homicídios, mas vamos cruzar os dados do inquérito com informações da Secretaria de Segurança e da Polícia Civil para averiguar se esse número é ainda maior", explicou Cordeiro.

O segundo grupo era comandado por oficiais da PM, o major Gutemberg e o capitão Nascimento, e realizava segurança privada ilegal em estabelecimentos comerciais usando o nome de uma empresa de segurança que está no nome da mulher de um dos militares envolvidos. "Eles prestavam segurança em postos de gasolina e supermercados, mas a empresa era de fachada. Os funcionários que faziam a segurança recebiam armas de fogo, mas não tinham nenhum tipo de treinamento", destacou o superintendente.

O grupo ainda é suspeito de crimes financeiros e lavagem de dinheiro e contava com a participação de um delegado da Polícia Civil preso na operação, que auxiliava com a liberação de presos.

A terceira quadrilha era formada por policiais civis, militares e um agente penitenciário, que atuava extorquindo traficantes de drogas, assaltantes de banco e outros criminosos. Os mandados foram cumpridos em João Pessoa, Bayeux, Santa Rita, Cabedelo, Mari, Alhandra, Cajazeiras e Campina Grande. Outros foram realizados em Recife e Petrolina (PE), onde um preso também faria parte do grupo de extermínio, atuando de dentro do presídio.

Os presos ainda não apresentaram advogados de defesa e não deram nenhuma declaração sobre as acusações.

O comandante da Polícia Militar da Paraíba, coronel Euller Chaves, garantiu que as denúncias serão apuradas por inquéritos na instituição. Afirmou que, se ficar configurada a transgressão disciplinar, os suspeitos serão julgados por conselhos da PM. "Em até 90 dias, ficará estabelecido se eles poderão continuar ou não como policiais", disse Chaves.

Policiais presos na Operação Squadre responderão a processo administrativo

Os 20 policiais presos na madrugada desta sexta-feira (9), durante a Operação Squadre da Polícia Federal (PF), também responderão a processo administrativo. De acordo com o titular da Segurança e Defesa Social (Seds), Cláudio Lima, a ação da PF reforça investigações que estavam ocorrendo na Corregedoria de Polícia. 

“Alguns processos administrativos já estavam abertos e os que ainda não vinham respondendo administrativamente serão a partir de agora”, disse o secretário. O processo administrativo disciplinar pode levar os policiais a perderem o cargo caso, a culpa dos mesmos seja comprovada. 

As investigações da PF que culminaram nas prisões foram iniciadas há um ano, a pedido do Governo do Estado por meio da Seds. O secretário explicou que durante essa gestão foi constatada a importância não só de combater os crimes em geral, especialmente homicídios e tráfico de drogas, mas também de coibir irregularidades praticadas por agentes públicos. 

“Procuramos a Ministério da Justiça para pedir que a Polícia Federal realizasse esse trabalho”, informou o secretário, complementando que as investigações da PF foram subsidiadas em vários momentos por dados repassados pela Seds. “Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para colaborar com essa ação que é muito positiva principalmente porque combate a impunidade”, complementou. 

Sobre a existência de milícias e grupos de extermínios na Paraíba, Cláudio Lima reforçou que todos os casos que chegaram ao conhecimento da secretaria estão sendo investigados. “Já existem procedimentos administrativos apurando de forma individualizada as informações que chegaram durante esse governo. Nosso objetivo é cumprir a lei e valorizar a maioria dos nossos policiais que é honesta”, finalizou. 

O comandante geral da Polícia Militar da Paraíba, coronel Euller Chaves, informou que os 12 militares investigados serão afastados das atividades. Os oficiais serão recolhidos ao Centro de Educação da PM, em João Pessoa, e os praças para a sede da 3º Companhia de Polícia Militar, em Cabedelo. “As informações colhidas pela Polícia Federal irão subsidiar esses procedimentos que já estão abertos (Conselhos de Disciplina para os praças e Conselho de Justificação para os oficiais)”, finalizou o comandante.

Fonte: Folha online e Secom/PB

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