quarta-feira, 10 de julho de 2013

Um dia após rejeição, Senado aprova redução de número de suplentes

Novo texto dá ao suplente prerrogativa de vice do senador

CRISTIANE JUNGBLUT (EMAIL·FACEBOOK·TWITTER)
JÚNIA GAMA (EMAIL·FACEBOOK·TWITTER)
MARIA LIMA (EMAIL·FACEBOOK·TWITTER)
O GLOBO

BRASÍLIA — Após a má repercussão da decisão do Senado de derrubar PEC que proibia senadores de escolherem seus parentes como suplentes, senadores aprovaram, sem votos contrários, nesta quarta-feira, medida semelhante, porém com algumas alterações importantes, que garantem aos suplentes o direito de “herdar” permanentemente o mandato dos titulares. A partir de uma manobra regimental, o Senado apreciou uma emenda de autoria do senador Francisco Dornelles (PP-RJ), que restringe as mudanças em relação aos suplentes. A única abstenção foi de Edison Lobão Filho (PMDB-MA), suplente de seu pai, o ministro Edison Lobão (Minas e Energia).

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), havia acertado com os líderes dos partidos votar na sessão desta quarta-feira.

— Porque essa questão foi colocada como prioritária na reforma política. O Senado tem que definitivamente decidir sobre o assunto — disse Renan, acrescentando:

— Fizemos um acordo para avançarmos na pauta, apreciar vários itens e concluir a votação dos suplentes, que é uma questão de prioridade na nossa pauta. Para compor esta agenda, apensamos diversas matérias e ontem foi votado o substitutivo e as outras matérias apensadas continuam vivas e é isso que vamos fazer. É em resposta às manifestações.

A nova proposta mantém a proibição aos senadores de escolher como seus suplentes cônjuges e parentes de sangue de até segundo grau, como pais, filhos, irmãos e primos, inclusive os parentes por adoção, dispositivos que estavam no texto rejeitado ontem. O texto também reduz o número de suplentes de dois para um.

No entanto, a partir dos protestos dos suplentes na tribuna do Senado ontem e hoje, que conseguiram derrubar a PEC com seus oito votos contrários e uma abstenção, o texto que será analisado hoje traz uma diferença: os suplentes passam a ter prerrogativa de vice.

Na PEC rejeitada, os suplentes atuariam como substitutos temporários dos senadores titulares que se afastassem permanentemente. A regra seria que, nas eleições seguintes à posse do suplente, um novo senador deveria ser eleito para a vaga. Assim, em alguns casos, os suplentes poderiam ficar menos de um ano no exercício do mandato.

Com a mudança proposta hoje, os suplentes irão “herdar” o mandato dos titulares em caso de afastamento permanente. Ou seja, terão a mesma prerrogativa de um vice-presidente ou de um vice-governador.

— Ficou péssimo para o Senado não ter aprovado ontem essa PEC, foi uma articulação mal ensaiada que acabou derrubando o texto. Como a reclamação dos suplentes era essa questão de não ficarem com o mandato do senador quando ele se afastasse de forma permanente, acreditamos que dessa forma será possível aprovar — afirmou o senador José Agripino (DEM-RN).

— A começar pelo título, o suplente deveria ser vice-senador, porque é a mesma figura que nós temos no caso do governador, é a mesma figura que nós temos no caso do prefeito e até da Presidência da República. Nós concordamos que um suplente não seja parente, mas o ponto que trouxe dúvidas e discussão é que o senador suplente, que tem a mesma titularidade de vice, não pode suceder o senador. Ele teria que substituir e não suceder -, afirmou o suplente do hoje ministro Marcelo Crivella, Eduardo Lopes (PRB-RJ), que ontem votou contra a PEC.

Mais cedo Renan reconheceu que os votos dos suplentes dificultaram a aprovação da proposta votada ontem. Na contramão da “agenda positiva” após as manifestações populares, o Senado derrubou o projeto que previa a redução do número de suplentes. Somente 46 senadores votaram favoravelmente à medida. Para aprovar uma PEC no Senado, são necessários 49 votos a favor. Dos 17 votos contra, oito foram de suplentes . A única abstenção também foi de um suplente.

— Qualquer emenda constitucional para ser aprovada precisa no Senado de 49 votos. Como o Senado é composto por alguns suplentes, isso dificulta numericamente e politicamente a equação. Mas nós vamos ter tempo de dar essa resposta (à população) — disse o parlamentar.

O texto rejeitado determinava ainda que, em caso de afastamento definitivo do senador, seu suplente assumiria a vaga apenas temporariamente, até que, nas próximas eleições, um novo senador fosse eleito para a cadeira. Se a vaga ficasse aberta a menos de 120 dias do próximo pleito, seria preciso aguardar o seguinte para a eleição do novo senador

Nenhum comentário:

Postar um comentário